Vou festejar?

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    Necessidade de distanciamento social trouxe uma série de desafios para os festivais gastronômicos pelo Brasil

    Os festivais gastronômicos oferecem uma gama de sabores, cheiros e temperos para todos os gostos. Mas esses eventos sofreram um duro golpe com a pandemia do novo coronavírus. Com restrições ao contato social, visto o caráter altamente contagioso da Covid-19, os eventos passaram a ser sistematicamente adiados e cancelados pelos quatro cantos do país, reduzindo assim as opções de lazer da população e mudando a rotina daqueles direta ou indiretamente envolvidos com as festividades.
    Buscando saber como as organizações de eventos têm agido no momento, suas decisões, planejamento e modo de operar, conversamos com representantes que nos contaram mais detalhes sobre o assunto.

    Relações e incentivo

    Vou festejar?
    O Comida di Buteco, festival gastronômico voltado para a cozinha de raiz e que, com 21 anos de existência, está presente em 21 cidades de diversos estados brasileiros, adiou sua data de realização em virtude da pandemia do novo coronavírus

    O Comida di Buteco, festival gastronômico voltado para a cozinha de raiz e que, com 21 anos de existência, está presente em 21 cidades de diversos estados brasileiros, adiou sua data de realização em virtude da pandemia do novo coronavírus. A organização do evento fala sobre os motivos do adiamento.
    “O concurso Comida di Buteco é uma experiência que envolve a avaliação do buteco como um todo: petisco, atendimento, higiene e temperatura da bebida. O consumidor está inserido em todas as interfaces que o estabelecimento permite. Esse fato e nossa missão, que é ‘transformar vidas através da cozinha de raiz’, através do incremento de público e consequente faturamento, só são possíveis através da relação humana presencial. Por mais que o segmento esteja sofrendo, não se trata de simplesmente realizar o concurso, mas de levar faturamento aos butecos. Qualquer iniciativa virtual não
    entregaria nossa proposta”.
    Também perguntamos sobre os impactos que o adiamento traz ao concurso, participantes e cidadãos.
    “O setor de bares é um dos que mais perderam com a pandemia e também um dos que mais tem que se preparar e investir para retornar com segurança. As perdas financeiras abrangem tanto a organização da competição, que terá um ano mantendo equipe e custos com a realização do concurso e sem a receita respectiva ano que vem, uma vez que estamos estendendo os contratos de patrocínio para 2021; para os butecos, temos a perda mais imediata a ser percebida, já tivemos cerca de 20 dos mais de 650 participantes do concurso que fecharam suas portas em definitivo. E também para os consumidores, que perdem temporariamente um mês de alegria, confraternização, encontros com diferentes regiões da cidade, novas receitas, sabores, enfim, as descobertas que o Comida di Buteco sempre proporciona e que se renovam a cada ano”.
    A organização também fala sobre a campanha #butecodicasa que tem como missão atenuar a falta que faz o festival.
    “Buscamos amenizar esse abismo gerado pela pandemia com a campanha #butecodicasa, em que, através das nossas redes sociais, estimulamos os consumidores a pedirem os cardápios dos butecos, não apenas fazendo seu happy hour em casa, mas também provando outros itens ofertados. Não compensa de forma nenhuma a perda do presencial, mas ajuda a pagar minimamente as contas; em média o delivery/take away tem representado entre 25% e 30% do faturamento original dos butecos, com raras exceções maiores”.
    Por fim, questionamos sobre as edições futuras do Comida di Buteco, se já existem planos de realização e possíveis mudanças em seu formato.
    “Estamos adiando nossa 21ª edição para abril de 2021. Esperamos que possamos ter novamente a alegria, engajamento e acolhimento que os butecos têm com seu público. Se conseguirmos isso, já será uma vitória! E claro, vamos continuar com a Eleição do Melhor Buteco do Brasil, feita a partir dos campeões eleitos em cada um dos 21 circuitos”.

    Tradição, cultura e economia

    Vou festejar?A prefeitura de Catas Altas, em Minas Gerais, é responsável pela Festa do Vinho, um dos mais conhecidos festivais mineiros, onde produtores têm a possibilidade de expor seus produtos para o público, que degusta diversos tipos de vinho, além de aproveitar vários tipos de culinária especializada e grandes shows musicais.
    Maria Magalhães, responsável pelos eventos da prefeitura de Catas Altas, relata como a pandemia do novo coronavírus afetou a realização da edição 2020 do festival.
    “Catas Altas é uma cidade que tem na produção do vinho de uva e do fermentado de jabuticaba uma tradição passada de geração em geração pelas famílias catas-altenses. Inclusive, as bebidas fazem parte da lista dos bens imateriais do município. Para enaltecer e valorizar o produto e os produtores locais, Catas Altas realiza, desde 2001, a Festa do Vinho, perpetuando o modo de fazer artesanal das bebidas e fortalecendo a transmissão desse saber familiar. Em 2020, a Festa completaria 20 anos e os organizadores estavam programando uma grande comemoração que seria realizada de 15 a 17 de maio. Na ocasião, 14 produtores de vinhos e fermentados artesanais iriam expor seus produtos. Porém, por conta da pandemia do novo coronavírus, a Festa do Vinho precisou ser cancelada (assim como os demais eventos do município por meio do decreto nº 43/2020) e toda a produção ficou comprometida, podendo causar um grande prejuízo econômico e cultural para os produtores e para toda a cidade. O evento cultural anual une gastronomia e música popular, gerando emprego e renda para a população. Ele é uma realização da Prefeitura, em parceria com a Associação dos Produtores de Vinho, Agricultores Familiares e Outros Produtos Artesanais de Catas Altas (Aprovart)”.
    A importância do festival para a cultura e economia de Catas Altas foi enfatizada pela porta-voz, que falou dos impactos da Festa do Vinho localmente.
    “A festa do vinho tem como principal objetivo a difusão do bem imaterial ‘Vinho de Catas Altas’ por meio da comercialização dos produtos fermentados. Por serem fabricadas de modo artesanal, as bebidas catas-altenses não possuem conservantes e, por esse motivo, não podem ficar armazenadas por muito tempo. A realização da festa contribui com o escoamento da produção, movimentando e economia local e garantindo que essa tradição secular não se perca”.
    A porta-voz também conta que a edição do ano de 2021 da Festa do Vinho ainda não começou a ser planejada e detalha as ações que a organização do festival e a administração municipal pretendem tomar para reduzir os impactos da não realização presencial da edição 2020.
    “Ainda não planejamos o evento para 2021. Estamos elaborando um plano de diversificação econômica em parceria com a Vale que prevê ações de curto, médio e longo prazo em um horizonte de vinte anos. O plano tem como norteador o empreendedorismo turístico para a geração de renda e a educação como alicerce para a sua sustentabilidade. O plano pretende entender as boas práticas existentes no município e na região e somar os esforços em plano de ação robusto”.

    Comida di Buteco
    www.comidadibuteco.com.br
    Festa do Vinho de Catas Altas
    catasaltas.mg.gov.br

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