Visão estratégica

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    Em meio a inúmeros fechamentos, pequenas empresas do food service buscam formas de se manter de pé

    A pandemia do novo coronavírus foi um duro golpe na economia mundial. De acordo com uma pesquisa do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), realizada no último mês de abril, o novo coronavírus foi responsável direto pela interrupção das atividades de 10,1 milhões de pequenas empresas, temporariamente, no Brasil. Esse número equivale a nada menos que 58,9% do total.
    Além da interrupção, a pesquisa apontou que a pandemia mudou o funcionamento de 5,3 milhões de empresas de pequeno porte no país, o que equivale a outros 31% do total. Das empresas que pararam, 79% foram pela determinação do governo e o restante, 21%, pararam por conta própria.

    Aumento da produtividade

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    “O setor foi um dos mais afetados pela pandemia. Em março, eram 1 milhão de negócios empregando diretamente 6 milhões de pessoas, quadro que sofreu uma mudança drástica nos últimos meses”, diz o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci

    Manter as empresas de pé, funcionando, passou a se tornar um ponto importante no equilíbrio e retomada da economia. Estratégias para subsistência passaram a ser adotadas por estabelecimentos e associações, buscando um fôlego maior para os estabelecimentos. Para sabermos mais sobre essas estratégias, conversamos com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), por meio de seu presidente, Paulo Solmucci.
    “O setor foi um dos mais afetados pela pandemia. Em março, eram 1 milhão de negócios empregando diretamente 6 milhões de pessoas, quadro que sofreu uma mudança drástica nos últimos meses”, diz. “Nós estivemos atentos ao cenário da Covid-19 nos outros países e sabíamos que os bares e restaurantes seriam duramente atingidos, mas um conjunto de decisões equivocadas por parte dos governos e a demora para empréstimos e outros tipos de ajuda chegassem na ponta ajudaram a agravar uma situação que já era muito delicada por si só”.
    Entre as formas que algumas empresas têm achado de sobreviver, uma das mais comuns tem sido realizar a migração dos serviços ofertados, seja adotando o delivery, seja alterando os espaços físicos dos estabelecimentos. Solmucci fala sobre essa tendência.
    “Uma das tendências que está em curso e foi acelerada na pandemia foi o investimento em delivery e pegue-leve/takeaway. Essa é uma mudança que veio para ficar. No mais, os estabelecimentos que resistiram precisaram se reinventar – seja enxugando/adaptando cardápios, alterando processos, reduzindo equipes, mudança a relação e a forma de comunicar com os clientes. A busca por aumento de produtividade se intensificou. Nós temos trabalhado para que ela se torne uma obsessão no setor, em especial na retomada. Precisamos produzir mais e melhor com menos recursos”.
    De acordo com Solmucci, “com o encolhimento do mercado, os negócios que permanecem encontram um ponto de equilíbrio na demanda. Ainda assim, os impactos no setor são intensos. A estimativa é que a gente chegue ao final do ano com uma perda de faturamento do setor da ordem de R$50 bilhões no Brasil”.
    Por fim, Solmucci conta como a Abrasel tem atuado junto aos empresários para o fortalecimento do setor, tendo como objetivo reduzir o número de fechamentos. Ele destaca que a associação tem estado em constante diálogo com o poder público, instituições financeiras, indústrias, fornecedores, em busca de melhores condições para os estabelecimentos.
    “A Abrasel tem trabalhado incansavelmente para garantir o melhor cenário possível para o setor. Estivemos, desde o começo da pandemia no Brasil, focados em assegurar a solvência das empresas. No dia 17 de março, me reuni com o presidente Bolsonaro e o ministro Guedes para tratar de uma ajuda para as folhas de pagamento. Duas semanas depois, foi sancionada a MP dos salários, que hoje é lei. Essa medida foi fundamental para evitar uma crise ainda mais profunda no setor. Desde então, estamos sempre nos movimentando em direção a soluções para apoiar esses empresários e trabalhadores – lançamos cartilhas, promovemos webinars, eventos, produzimos cursos. Lutamos para que as linhas de crédito chegassem na ponta, fizemos parceria com a Caixa Econômica Federal para acessar o Pronampe. Estamos em constante diálogo com governo federal, governadores, prefeitos, indústria, bancos, fornecedores – tudo em busca de caminhos possíveis – algumas vezes, impossíveis – para apoiar o setor. Tudo isso, com foco no aumento da produtividade, como falei antes”.

    Situação grave

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    “Eu diria que 70% da categoria está quebrada, falida, micro e pequenas empresas do nosso setor, de bares e lanchonetes”, afirma Paulo Pedrosa, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb)

    Paulo Pedrosa é presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (Sindhorb). Ele ressalta o número de fechamentos de estabelecimentos até o momento, além da estimativa de encerramentos de atividades, citando também a meta de crescimento dos ganhos das empresas até o fim do ano.
    “Os dados que nós temos é que 1200 empresas já encerraram as atividades na cidade e esse número é crescente, vamos chegar a 1500, se não chegarmos até duas mil empresas até o final do ano”, diz. “O número de empresas que encerrou as atividades foi bem maior do que a gente esperava. Ninguém imaginava esses cinco meses com os bares e restaurantes não podendo abrir”, afirma.
    Pedrosa salienta que a crise no setor é gravíssima, afirmando que os prejuízos e quedas nas vendas têm sido enormes, além de citar o acúmulo de dívidas.
    “A queda no faturamento é violenta. Com o delivery, só conseguimos 20% do faturamento. As vendas caíram assustadoramente”, afirma. “Eu diria que 70% da categoria está quebrada, falida, micro e pequenas empresas do nosso setor, de bares e lanchonetes”.

    Abrasel
    abrasel.com.br
    Sindhorb
    sindhorb.org.br

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