Segurança em boates: como era e o que mudou

    Acompanhe o cenário atual após dois anos da tragédia em Santa Maria

    0

    2 e 7 de janeiro de 2013. Aproximadamente às 2h30, dentro de uma boate, um músico da banda Gurizada Fandangueira acende um sinalizador e uma fagulha causa uma das maiores tragédias já registradas na história do Brasil: o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, interior do Rio Grande do Sul. No local, totalmente lotado, havia duas mil pessoas – acima da capacidade permitida ¬– sendo que podiam entrar até 691. 242 pessoas morreram e 680 ficaram feridas. O estabelecimento, lamentavelmente, não tinha alvará e nem saídas de emergência, o que ajudou a aumentar ainda mais o número de mortos e feridos.

    Segundo alguns frequentadores sobreviventes, os seguranças impediram a saída dos clientes por desconfiarem que tratava-se de uma briga ou o uso de má fé para deixarem a casa noturna sem pagar. Isso também culminou num maior drama e desespero de quem estava dentro.

    Ao longo daquele dia, o Brasil acompanhou estarrecido e tenta entender por que mais de duas centenas de maioria jovem morreram juntos. No dia seguinte, 75 pessoas permaneceram internadas em estado gravíssimo. Os proprietários da boate Kiss, Elissandro Spohr, o Kiko, e Mauro Londero Hoffmann, além do vocalista da banda que apresentava naquela noite, Marcelo de Jesus Santos, e Luciano Bonilha, auxiliar do grupo, são presos.

    O questionamento de tudo isso é: ocorreu negligência dos órgãos públicos fiscalizadores e irresponsabilidade dos donos do estabelecimento ou foi uma fatalidade que poderia acontecer naturalmente?

    O que aconteceu foi uma sucessão de erros, que poderiam perfeitamente ser evitados, se tivesse havido mais segurança dentro da boate. O ciclo fatal começou desde o acendimento de um sinalizador – de uso externo – em um ambiente interno, fechado e com o teto revestido de espuma de isolamento acústico até o desleixo das pessoas responsáveis a fiscalizar o funcionamento da casa.

    O Ministério Público do RS, na época, abriu inquérito para investigar se houve desonestidade administrativa por parte dos funcionários da prefeitura de Santa Maria e dos bombeiros na fiscalização da boate. A boate estava sem alvará de funcionamento da prefeitura e sem a licença dos bombeiros. A partir daí, os governos municipais de todo o país começaram a realizar inspeções em casas noturnas.

    Os promotores do caso viram indícios de crime hediondo, porque os acusados assumiram risco de produzir o resultado morte. Diante disso, a segurança foi tida como prioridade em centenas de boates espalhadas pelo país, mas avançou pouco. Muitas boates, casas de show e similares continuam operando de forma irregular, e a fiscalização precária em algumas cidades é um desafio para aumentar a segurança. Felizmente, existem boates que dão bom exemplo e zelam pela vida e bem-estar dos frequentadores.

    A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aprovou o PLC 33/2014, que institui regras visando medidas de prevenção e combate a incêndios e desastres em áreas públicas

    CUIDADOS

    O Café Photo proporciona entretenimento de alto nível na noite paulistana, sendo uma das casas noturnas mais requintadas de São Paulo. Possui ambientes amplos e aconchegantes com bar, restaurante internacional e os melhores rótulos do mercado nacional e internacional entre as diversas bebidas e drinks que são oferecidos, além de ter música ao vivo todas as noites com diferentes bandas e estilos musicais.

    Com relação à segurança, o Café Photo não poupa esforços. “Nosso estabelecimento possui quatro andares, com portas de escape em todos eles, escada de emergência e placas indicativas em todos os ambientes. Nossa equipe passa por treinamento contra incêndio teórico e prático todos os anos, além dos membros da brigada de incêndio que faz o curso completo. Importante ressaltar que temos bombeiros profissionais todas as noites em nosso horário de funcionamento. Também contamos com sistema de iluminação de emergência que, em qualquer situação de queda de energia, é automaticamente acionado. Nosso trabalho de prevenção é contínuo.

    São feitas manutenções preventivas (sistema de alarme de segurança/incêndio, extintores, mangueiras, portas, gerador de energia, sistema de gás, entre outros) em toda nossa estrutura, garantindo, assim, o menor grau de risco de qualquer incidente”, explica Bruno Noronha, gerente administrativo da casa.

    Lá, de acordo com ele, a realização de todas as manutenções preventivas está em dia. A equipe é treinada e preparada para qualquer ocorrência e a responsabilidade da brigada de incêndio é em qualquer situação e tem o conhecimento de agir corretamente com todos os procedimentos padrões. “O Café Photo sempre tratou da segurança de nossos colaboradores e frequentadores com alta prioridade. Sempre manteve toda estrutura imaculável, manutenções preventivas em dia e equipe treinada.

    Lamentamos a tragédia que ocorreu na boate Kiss, mas isso só nos mostra a importância do trabalho que realizamos para a segurança de todos em nosso estabelecimento”, reforça. De acordo com Bruno, a reação e receptividade em relação à segurança da boate são ótimas. “Os clientes sempre elogiam a segurança daqui. Certamente, temos esse retorno na fidelidade de nossos clientes em relação ao Café Photo, que mantém seu alto padrão de qualidade e segurança há anos”.

    TRABALHO

    A Blue Space existe desde 1996, e a casa tem como segmento o público LGBT. O trabalho é com música eletrônica e shows com drag queens, transformistas e gogo dancers. Alex Rovic, sócio-gerente da boate, diz que “a segurança sempre foi um diferencial. Temos o cuidado de ter um staff (funcionários) bem instruído e que possa dar um atendimento especial aos nossos clientes.

    Nossa estrutura física proporciona segurança a todos; temos quatro zonas de escape (portas de emergência e rota de fuga). Trabalhamos com dois brigadistas, que são bombeiros civis, para o pronto-atendimento de mal súbito e emergências e funcionários com treinamento – brigada de incêndio. Contamos também

    com um sistema de alarme contra incêndio – hidrantes, extintores, botoeiras e sinalização”.
    Mesmo com a casa já devidamente estruturada, a Blue Space faz, periodicamente, verificações em suas instalações elétricas. “Não permitimos o uso de efeitos pirotécnicos, sinalizadores, fogos de artifício etc. Também já não é permitido fumar dentro do estabelecimento; isso ajuda bastante”, complementa o sócio.

    A tragédia na boate Kiss serviu para os empresários da casa ficarem mais atentos, mesmo estando já bem amparados com as medidas de segurança e equipe bem instruída. “Resolvemos aumentar a equipe de apoio, deixando uma pessoa responsável por cada rota de fuga”. Os clientes da Blue Space se sentem bem à vontade, e por ser um público fidelizado – com frequentadores semanalmente assíduos – tem uma boa relação com o staff.

    MAIS INFORMAÇÕES

    Por que tantas mortes no incêndio da boate Kiss? Exatamente pelas vítimas terem inalado muita fumaça venenosa. O Instituto-Geral de Perícias concluiu que a queima abundante da espuma usada no teto do local liberou monóxido de carbono, dióxido de carbono e gás cianídrico (cianeto), o mesmo usado nas câmaras de gás nazistas. A inalação dessas substâncias emitidas após o incêndio causou 90% das mortes e deixou graves sequelas nos sobreviventes.

    A fumaça daquele dia possuía grande quantidade de gás carbônico, que agilmente é absorvido pelo pulmão e cai na corrente sanguínea. O monóxido de carbono substitui o espaço dos glóbulos vermelhos, onde deveria estar o oxigênio, e a vítima fica sem ar. Em poucos instantes ela desmaia, e se não for socorrida, morre. A sensação é como de um afogamento. Aqueles que ficaram mais expostos à fumaça e sobreviveram podem apresentar bronquite, bronquiolite e fibrose do pulmão ao longo dos próximos meses e anos.

    A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aprovou o PLC 33/2014, que institui regras visando medidas de prevenção e combate a incêndios e desastres em áreas públicas. Dentre as medidas, o projeto estabelece que o desenvolvimento urbano das cidade deverá passar a observar normas especiais de prevenção e de combate a incêndios. Estas regras abrangerão os locais ocupados por 100 ou mais pessoas, ou número menor caso só conte com uma rota de fuga.

    CAFÉ PHOTO
    www.cafephoto.com.br

    BLUE SPACE
    www.bluespace.com.br

    DEIXE UMA RESPOSTA

    Please enter your comment!
    Please enter your name here