Receita de sucesso

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    Uma infância na cozinha levou Morena Leite a se tornar, ainda muito jovem, uma chef de renome internacional

    Morena Leite, desde pequena, acompanhou o trabalho dos pais a frente das panelas do restaurante da família, que começou pequeno mas, devido ao sucesso, cresceu e transformou-se também em uma pousada. Essa sua vivência da infância ditou o seu rumo profissional. “O fato de lidar com alimentos, os mais diferentes ingredientes e temperos, com equipe e funcionários no restaurante dos meus pais, foi me envolvendo e ficando no meu subconsciente. Também a oportunidade de sempre viajar com pais atentos e gourmets foi preparando o meu paladar”, explica a chef de cozinha. Tudo isso a levou à renomada escola francesa Cordon Bleu, em Paris. “Fui uma das mais novas alunas a se formar lá, com 19 anos, em cozinha e pâtisserie”, conta a chef. E, hoje, já são 14 anos de formada, desenvolvendo o seu trabalho que se destaca pela grande valorização da culinária brasileira. Mas essa não foi uma preocupação que ela teve desde o início. “Morar fora me levou, em princípio, a valorizar mais a comida de lá, tinha mais a preocupação de conhecer a culinária internacional, aprender sobre ela. Mas, quando cheguei à França, durante o curso, tivemos muitas orientações para conhecer a cultura de um povo através da culinária, o que me levou a entender o meu país e valorizar a culinária brasileira. Assim que voltei, em 1999, foi isso que busquei em meu trabalho”. A experiência na escola parisiense fez com que Morena valorizasse ainda mais a culinária nacional e a levou também a viajar pelo Brasil à procura de novos ingredientes e temperos para, assim, criar novos sabores. Mas nunca esquecendo o valor da cozinha tradicional. Logo que retornou, teve o desafio de comandar o restaurante aberto pela família em São Paulo, o Capim Santo, mesmo nome da pousada de Trancoso, com gastronomia contemporânea. Com muita bossa e maturidade gastronômica, Morena inseriu seu restaurante no ranking dos melhores da gastronomia brasileira contemporânea de São Paulo. As viagens que a chef faz pelo mundo refletiram no seu paladar e na maneira de cozinhar. Pratos típicos brasileiros são revisitados por ela, que interpreta os clássicos com uma pitada de suas vivências.

    Uma chef, diversas atividades

    Além de comandar a cozinha, Morena Leite se dedicou a outras atividades. Em 2005, lançou o livro “Brasil, Ritmos e Receitas”, a união de música e culinária, que vem com um CD, em parceria com a cantora Mariana Aydar, amiga de Morena desde os tempos em que morava na Bahia, e que fala sobre tradicionais pratos brasileiros. Em 2005 também, lançou seu livro em francês “Brésil Sons Et Saveurs” (Brasil Sons e Sabores), que ganhou o prêmio de melhor livro de cozinha do mundo no quesito inovação, na Suécia. No mesmo período, passou uma semana como Chef convidada no restaurant Lê Chene Vert, na Galeria Laffayete, em Paris. Em 2011, Morena inaugurou o restaurante de bufê rápido Santinho, dentro do Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo. Também lançou o livro “Capim Santo – Receitas para receber amigos”, com a história e trajetória dos 25 anos do grupo. Ganhou o prêmio de Melhor Cozinha Brasileira pela Revista Go Where Gastronomia. Em 2012, Morena representou a gastronomia brasileira em Berlim à convite da Embratur na Feira Internacional de Turismo ITB e lançou o livro “Doce Brasil Bem Bolado” em parceria com a confeiteira Otavia Sommavilla. Iniciou uma nova experiência como apresentadora do programa de televisão Taste It, do canal Glitz, mostrando um pouco da sua cultura gastronômica. Em 2013, passou uma temporada com o Cirque du Soleil, à frente do Buffet Capim Santo, outro serviço do Grupo Capim Santo, assinando o cardápio do Tapis Rouge, área VIP diferenciada do famoso circo internacional. O Buffet traz uma brasilidade chic, fruto da união entre a técnica francesa com os ingredients nacionais. Chef, empresária, escritora e ainda educadora. Como conciliar tantas atividades? “Hoje, eu me considero uma boa maestra, uma boa técnica, que sabe mais lidar com pessoas do que ser cozinheira. Além do paladar, eu tenho uma equipe muito forte, de mais de 200 pessoas, muitas delas comigo há mais de oito anos. Meu alicerce é muito forte, o que me permite fazer tudo o que eu faço. Para comandar restaurantes em São Paulo, em Trancoso e ainda o buffet, só é possível com uma equipe forte, de pessoas comprometidas. Digo que meus funcionários não são apenas jogadores do meu time, mas, sim, torcedores”, diz.

    Desafios e reconhecimento

    Para Morena, o maior desafio da carreira é com ela mesma, para se manter apaixonada pelo que faz. “Como em um casamento, procuro não deixar a minha profissão cair na rotina. É um desafio diário. E os meus projetos, como escrever um livro, realizar eventos fora do país, me ajudam nisso”. De acordo com ela, se tornar uma chef tão renomada não foi o seu objetivo. “Na verdade, eu não busquei isso, não foi o meu objetivo. Acabou sendo uma consequência do meu trabalho. Mas eu sempre trabalhei com paixão e acredito, também, que a gente já nasce com as coisas escritas para a nossa vida, o nosso futuro. E estar feliz com o que a gente faz quer dizer tudo. independentemente de onde estiver, seja na cozinha de casa ou à frente de um grande restaurante”. Um estímulo que ela também teve foi a mídia ter gostado da sua história, de ter vindo de uma família de gourmets e se tornar chef ainda tão jovem. Para Morena, o mais importante é fazer sempre aquilo que acredita. “Tenho o privilégio disso. Por exemplo, eu não admiro bacon, respeito, mas eu não vou cozinhar isso porque não é algo em que acredito. Isso se reflete muito no meu trabalho”. Com pais macrobióticos, antroposóficos e vegetarianos, ela não poderia deixar de imprimir em seus pratos as características de uma alimentação saudável, aliada à sua criatividade e sua técnica. Por isso, seus cardápios são equilibrados, com diversidade de produtos frescos e orgânicos, além de grãos, legumes e ervas. Hoje, a chef apenas lamenta ter pouco tempo para se dedicar a outras atividades. “Ainda estou muito envolvida na parte administrativa. Espero ter cada vez mais tempo para estar menos envolvida com a operação do dia a dia, que faço por obrigação, não por prazer. Queria estar mais na criação, no desenvolvimento de receitas, mais perto dos cozinheiros chefes”, diz. “Também queria poder me envolver mais com o Terceiro Setor, como Instituto Capim Santo”. O instituto de capacitação profissional para jovens carentes da comunidade de Trancoso surgiu em 2009, do desejo de Morena de contribuir com a sociedade, retribuindo um pouco das suas conquista, e recebeu apoio desde o início da Electrolux. Ensina técnicas de gastronomia e conhecimentos para formar novos assistentes de cozinha.“Mas o nosso foco principal é na capacitação emocional desses jovens”, completa. Para quem está seguindo o mesmo caminho que Morena, ela dá dicas. “Valorizar as pessoas é o mais importante. Ter paciência e tolerância, não levar à ferro e fogo. Tranquilidade e se colocar sempre no lugar do outro, porque somos todos seres humanos. E, para finalizar, carinho e gratidão”.

    GRUPO CAPIM SANTO
    www.capimsanto.com.br

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