Produtos orgânicos em constante crescimento

    Brasil ocupa posição de destaque na produção mundial de orgânicos

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    Qualidade de vida com proteção ao meio ambiente: este é o objetivo da produção orgânica vegetal e animal. Para ser considerado orgânico, o produto deve ser cultivado em um ambiente que considere sustentabilidade social, ambiental e econômica e valorize a cultura das comunidades rurais. A agricultura orgânica não utiliza agrotóxicos, hormônios, drogas veterinárias, adubos químicos, antibióticos ou transgênicos em qualquer fase da produção. E o Brasil já ocupa posição de destaque na produção mundial de orgânicos.

    O sistema orgânico busca o equilíbrio do ecossistema para resultar em plantas mais resistentes a pragas e doenças. Para impedir a disseminação de doenças, outras culturas são utilizadas durante o cultivo ou alternadas com a produção. Plantas consideradas daninhas para muitas lavouras são usadas na agricultura orgânica por atraírem para si as pragas e enriquecerem o solo, fortalecendo as plantações e evitando doenças. É por isso que nem todo alimento cultivado sem o uso de agrotóxicos é orgânico, já que a produção orgânica vai além da não utilização de agrotóxicos. O cultivo deve respeitar aspectos ambientais, sociais, culturais e econômicos, garantindo um sistema agropecuário sustentável.

    A Coordenação de Agroecologia (Coagre), da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo (SDC), é o setor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que responde pelas ações de desenvolvimento da agricultura orgânica. Tem como funções a promoção, o fomento, a elaboração de normas e a implementação de mecanismos de controle. “Possuímos mecanismos de controle, como a legislação, regulamentação dos parceiros de produção, e trabalhamos o fomento à produção orgânica: educação, insumos, desenvolvimento de pesquisas, comercialização. O fomento é importante para levar mais conhecimento sobre os produtos orgânicos à população. Com maior demanda por parte dos consumidores, mais produtores vão se interessar em adotar essa prática”, explica Rogério Dias, coordenador de agroecologia do MAPA.

    Dois conceitos são fundamentais na produção orgânica: a relação de confiança entre produtor e consumidor e o controle de qualidade. O selo SisOrg Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica – é obtido por meio de uma Certificação por Auditoria ou por um Sistema Participativo de Garantia. Os agricultores familiares são os únicos autorizados a realizar vendas diretas ao consumidor sem certificação, desde que integrem alguma organização de controle social cadastrada nos órgãos fiscalizadores. “A legislação prevê que ele faça parte de uma Organização de Controle Social, que é cadastrada ao MAPA. O produtor precisa fazer a venda direta ao consumidor, através de entrega em domicilio ou em feiras. Ele ou algum produtor representante da organização precisa estar presente para esclarecer todas as dúvidas do consumidor”, explica Rogério. A validação da garantia orgânica pelas Certificadoras e OPAC permite aos produtores certificados o uso do Selo do SisOrg nos rótulos de seus produtos. Uma vez certificados, esses produtores poderão efetuar venda direta a consumidores e venda a indústrias, processadores, mercados, supermercados, lanchonetes, restaurantes etc. e, mesmo, exportação. Assim, a participação no SisOrg permite a venda a terceiros.

    “É possível adquirir a certificação através do Sistema Participativo de Garantia, formado pela reunião de produtores e outras pessoas interessadas em organizar a sua estrutura básica, que é composta pelos Membros do Sistema e pelo Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade (OPAC)”, esclarece o coordenador. Os Membros do Sistema são pessoas físicas ou jurídicas que fazem parte de um grupo classificado em duas categorias, distribuidores, comercializadores, transportadores e armazenadores. Os colaboradores são os consumidores e suas organizações, os técnicos, as organizações públicas e privadas, as que representam as mais diferentes classes e os parceiros (colaboradores) que possam ajudá-los a dar garantia aos seus produtos. Todos tomam conta de todos e se visitam, para garantir a qualidade orgânica.

    Para estimular o aumento da produção orgânica no país, em 2003, o MAPA criou o Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica, em que foram levantados os principais desafios da produção. “Desde então, são desenvolvidas ações para superar esses desafios”. E, em 2012, um grande reforço foi o lançamento da Política Nacional de Agroecologia e da Produção Orgânica – PNAPO, pelo Governo Federal, com objetivo de integrar, articular e adequar políticas, programas e ações indutoras da transição agroecológica e da produção orgânica e de base agroecológica, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida da população, por meio do uso sustentável dos recursos naturais e da oferta e consumo de alimentos saudáveis. “Esse Plano Nacional possui mais de 100 ações voltadas para o desenvolvimento da produção orgânica no país, para auxiliar o produtor em pontos como busca de crédito, disponibilização de insumos no mercado e em projetos para disponibilização de sementes apropriadas”.

    “Atuamos em três frentes: o conhecimento, com a formação profissional para suprir a falta de técnicos que deem assistência no campo; aumentar a disponibilidade de assistência técnica; e pesquisa, no desenvolvimento tecnológico voltado para sistemas orgânicos”, explica Rogério. E há ainda outra atuação, relativa à comercialização e o consumo. “Buscamos aumentar o conhecimento da população sobre os orgânicos. Ao abrir mercado, se incentiva a produção”, finaliza.

    Comercialização

    Em relação à comercialização, a Associação de Agricultura Orgânica (AAO) é uma forte atuante. Desde o início da década de 1990, a AAO esteve bastante envolvida em articulações e ações com o movimento de agricultura alternativa e agroecológico do Brasil e da América Latina. “Hoje, trabalhamos principalmente e diretamente na comercialização, estimulando e articulando espaços dentro da filosofia da venda direta do produtor ao consumidor”, apresenta Marcio Stanziani, secretário Executivo da Associação.

    Ele ressalta que ainda existem muitos desafios na produção orgânica nacional, como o financiamento da produção. “Outro desafio é a assistência técnica e a extinção rural que praticamente não existem no Brasil. Mas estimulando espaços de comercialização e compras públicas, através da Merenda Escolar, há um grande estímulo, também, da produção”, conclui.

    Produto orgânico de família

    A Fito Produtos Orgânicos foi fundada por quatro irmãos, a partir do incentivo do pai, que sempre plantou hortifrútis orgânicos, numa horta caseira, para atender a família e amigos. A empresa começou quando eles decidiram utilizar o sítio da família para plantar em escala comercial. “Produzimos orgânicos há dezoito anos, numa época em que não estava tão na moda o consumo de produtos mais naturais, como hoje. Queríamos fornecer produtos para uma alimentação mais saudável, diferenciada, e o produto orgânico veio por consequência”, apresenta Adriana Daher, sócia-proprietária da Fito.

    A primeira loja foi aberta em 1998, no bairro Cidade Jardim, em Belo Horizonte. Foi então que nasceu a necessidade de se oferecer mais produtos para os consumidores e a Fito passou a comercializar uma maior variedade de produtos orgânicos e naturais. “Hoje, o mercado está muito bom e a demanda está aumentando”, diz Adriana.

    A Fito utiliza o processo produtivo orgânico, isento de qualquer tipo de agrotóxico, fertilizantes, conservantes ou qualquer outra substância química nociva à saúde, e livre de sementes transgênicas, e é uma empresa certificada. Na produção, não há capina de plantas nativas que surgem nos canteiros, que servem de alimentos para a fauna que ali habita. “Dessa forma, as pragas não atacam nossa produção e, sim, as plantas que sempre nasceram ali e sempre serviram de alimentos para elas. Isso gera o equilíbrio. Além disso, os restos dos vegetais que descartamos durante o processo de assepsia e comercialização dos alimentos são adicionados à produção de adubo (composto orgânico). É uma forma de devolver para a terra o que retiramos dela”.

    A Fito fornece hortifrútis para cerca de setenta supermercados na capital mineira. A empresa também compra produções orgânicas e coloca a marca. “Acabamos de lançar a linha de grãos e farináceos orgânicos”, comenta a proprietária. Nas lojas, a Fito recebe e revende produtos de todo o país e também importados.

    Orgânico online

    A Villa Orgânica Natural nasceu da intenção de levar para todo o Brasil os benefícios dos produtos orgânicos, incentivando a alimentação consciente e a agricultura ecológica. É uma loja virtual destinada a promover e comercializar produtos orgânicos, que são cultivados sem o uso agrotóxico, fertilizante, hormônio ou qualquer outro aditivo sintético. “Infelizmente, o Brasil é um dos maiores consumidores de agrotóxico do mundo. Há pesquisas que comprovam que cada brasileiro consome em média 5,2 litros de veneno (agrotóxico) todos os anos, o que é um número assustador. Além das doenças associadas ao consumo de alimentos com agrotóxico, temos também a contaminação de nossos rios e solo, sem contar os agricultores que são expostos diretamente a estes produtos químicos sem a devida proteção e informação das consequências que esta exposição pode causar. No nosso portal, as pessoas podem ter acesso a informações dos produtos, receitas e novidades do mundo orgânico”, explica Aline Villanueva, sócia da Villa Orgânica Natural.

    A Villa comercializa produtos nacionais, em sua maioria, que vêm de todos os estados do Brasil, e conta também com produtos importados, como a Quinoa, que vem da Bolívia, maior país produtor desse grão. “Todos os produtos que comercializamos possuem o Certificado de Produto Orgânico Brasil. Esse certificado é renovado anualmente e é um requisito básico para se tornar nosso fornecedor”, explica a sócia.

    Aline diz que o orgânico a cativou desde o primeiro dia em que o experimentou. “Fiquei impressionada pela variedade, qualidade e sem falar do sabor, que é incomparável. Há estudos feitos nos Estados Unidos comprovando que os orgânicos possuem um percentual maior de vitaminas e minerais que os convencionais. Percebi que existiam muitos produtores com excelentes produtos, porém, difícil de encontrá-los em um único lugar. Foi nesse momento que decidimos apostar nos produtos orgânicos, reunindo uma grande variedade de opções, promovendo seus diferenciais e também deixando ao alcance de todos que procuram uma saúde melhor, qualidade de vida e respeitam o meio ambiente”, discorre.

    Os produtos podem ser adquiridos pela loja virtual através do site villaorganicanatural.com.br e são entregues no conforto da casa do cliente. “Hoje, há muitas opções de produtos orgânicos, desde leite, sucos, chás, até arroz, feijão, macarrão, molho de tomate, temperos etc. Mais uma novidade entre os orgânicos é a Calda de Agave, uma nova forma de adoçar sem alterar o sabor dos alimentos. É extraído da planta Agave Tequilana, e seu paladar neutro, similar ao açúcar, não altera o sabor dos alimentos”, afirma Aline.

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