Produto: Finger food por toda parte

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    Tendência gastronômica de servir diversas receitas em porções que possam ser degustadas em até no máximo duas mordidas une praticidade e elegância

    Hoje em dia, as tradicionais regras de etiqueta vêm ganhando novos conceitos ao serem adaptadas ao agitado e dinâmico modo de vida da maioria das pessoas. Prova disso é o finger food, uma tendência do mundo gastronômico que tem conquistado cada vez mais espaço ao unir praticidade e elegância em relação à degustação de algumas chamadas ‘comidinhas’.

    Em tradução livre do inglês, finger food quer dizer comer com os dedos, mas não é exatamente isso que essa moda culinária propõe, segundo Roseli Candêo, docente do curso ‘Preparo de Finger Food’ do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Paraná (Senac-PR).

    “O termo não necessariamente significa comer com a mão, mas na mão, como o caso de cumbucas, colheres de cerâmica ou ramekins, sem que seja necessário um apoio, como sentar-se à mesa. Eles também são conhecidos como coquetéis volantes, quando o garçom circula e serve as pessoas em pé”.

    De maneira sucinta, a culinária finger food preza pela preparação de pequenas porções dos mais variados tipos de refeições para serem ingeridas de maneira rápida, sem que as pessoas precisem sentar à mesa, usar talhares, interromper a conversa e/ou parar de dançar durante festas e eventos em geral. Além disso, a ideia é que essas iguarias sejam servidas de forma que possam ser degustadas em até no máximo duas mordidas.

    “É importante que o finger food não deixe residual, como um caroço de azeitona ou algo com um palito espetado que o convidado não teria onde deixar. Ou seja, no finger food, tudo deve ser comestível. Não pode ter uma decoração que não seja comestível. São opções que o convidado não deve sujar as mãos ao comer. Então, deve-se ter uma casquinha ou uma base como uma quiche, canapés, minissanduiches, entre outros”, completa a docente.

    O chef William Ribeiro apresenta uma carreira em verdadeira ascensão na gastronomia paulistana e, atualmente, lidera o menu do Seen Restaurante & Bar. Ele também trabalha com finger food com bastante frequência e resume essa tendência culinária como “comida para comer com os dedos sem necessidade de prato, garfo ou faca, servido em pé e de forma prática”.

    Ribeiro relata que costuma servir finger food para iniciar a maioria dos eventos que faz. “Essas preparações podem ser canapés clássicos ou pequenas receitas de pratos (miniatura) para comer de uma vez. Os canapés clássicos costumam fazer muito sucesso por já serem conhecidos. Exemplo: tartar de carne, salmão defumado, caviar com creme azedo. Mas são tantas as opções que fica difícil definir qual é mais bem aceito. Depende sempre do perfil do evento e clientes”, detalha.

    Normalmente, o chef prepara entre cinco e seis variedades de finger food, entre os canapés quentes e frios, durante a organização de um evento. Ele ressalta que essas minirrefeições são ideais para recepcionar convidados, uma vez que são práticas e fáceis de levar até a boca. Além disso, partilha que a apresentação em miniatura é bem valorizada.

    “Finger food faz sucesso porque proporciona em uma única mordida uma experiência marcante de sabor, textura e apresentação. Esse tipo de comida sempre existiu em muitas culturas. Acredito que a grande valorização do finger food se dá pela apresentação, experiência que ele pode proporcionar e uma infinita possibilidade para criar coisas novas em porções em miniaturas”, diz o chef.

    Mercado

    Os fingers foods começaram a ganhar destaque no Brasil entre os anos de 2010 e 2011. De lá para cá, esse tipo de culinária só vem se estabelecendo no mercado gastronômico brasileiro.

    Finger foodAline Frey é chef e proprietária do Buffet Marakuthai, localizado em São Paulo, capital. Ela conta que o finger food sempre fez parte do cardápio do seu negócio, além de revelar a predominância das ‘comidinhas’ em relação à preferência dos seus clientes.

    “O Buffet Marakuthai sempre teve o finger food como principal tipo de serviço. Somos uma empresa com conceito jovem e despojado. O serviço de comidinhas em cumbuca é a cara da nossa culinária em todos tipos de eventos que participamos, seja na praia ou na cidade. Eu diria que 90% dos eventos que fazemos têm esse tipo de serviço”, diz.

    A chef define finger food como “canapés ou cumbuquinhas fáceis de comer em situações casuais e descontraídas”. Para ela, essas ‘comidinhas’ são uma tendência “porque permitem criar mais possibilidades nos eventos. Seja na forma de montar apresentações, de não ter a obrigação de montar mesas ou de fazer o evento em lugares menores”, explica.

    Para Fellipe Zanuto, chef do Restaurante Hospedaria, que também fica em São Paulo, capital, o finger food já é mais que uma tendência. “É uma realidade. Há muito tempo, já existe em eventos e cozinhas de buffet. Depois que comecei a faculdade, participei de muitos eventos e todos eram estruturados em finger food. Aprendi muitas receitas clássicas e comecei a transformar em finger food, por exemplo”, afirma o chef.

    Zanuto classifica finger food como “comida de festa” e acredita que essas miniporções fazem sucesso devido à ocasião em que, normalmente, são servidas. “Geralmente, o consumo é feito em uma ocasião propícia a pessoa estar em um momento feliz”, pontua.

    Já a chef Aline, do Buffet Marakuthai, elege o fator praticidade como um dos segredos de o finger food ter virado moda. “As pessoas podem se alimentar conversando numa roda de amigos, circular pelo evento sem lugar marcado e repetir sem a obrigação de estar dentro do horário clássico de um jantar empratado”, avalia.

    Variações

    No Buffet Marakuthai, o finger food de maior saída é a caldeirada de frutos do mar com arroz jasmine e chips de batata doce servida em cumbucas. Outra opção também muito pedida pelos clientes do negócio é o rissoni com cogumelos e perfume de trufas. Já no Restaurante Hospedaria a miniporção de destaque é a receita da caprese.

    Todas essas ‘comidinhas’ possuem inúmeras variações, além de serem servidas de diferentes maneiras, entre elas sobre bases como brusquetas, legumes e cestinhas. Normalmente, sobre essas bases, é de costume usar cremes ou molhos. Já no topo, vem a guarnição, que é a responsável pelo toque final da receita.

    Diferenciais

    Então, quais são os reais diferenciais do finger food em relação aos tradicionais aperitivos? Para o chef Zanuto, do Restaurante Hospedaria, o grande distinguidor do finger food “é o desafio de colocar uma explosão de sabores em uma porção de 20g”.

    A docente Roseli, do Senac-PR, concorda com o chef e salienta que “o finger food foge completamente dos sabores tradicionais. Em geral, quando se fala em finger food, as pessoas já imaginam sabores diferentes e inusitados”. Além disso, ela enfatiza que outro grande distintivo dessa tendência gastronômica é seu “custo menor, por não exigir a necessidade de se ter uma estrutura para servir”.

    Já a chef Aline, do Buffet Marakuthai, aponta que o principal diferencial do finger food é “o fato de não servir a comida de forma clássica e formal em pratos. Isso torna a festa mais dinâmica e com menos protocolos quanto ao momento de se alimentar”.

    História

    Independentemente de como atualmente é servido, dos diferenciais e de quais são os principais ingredientes usados na preparação das inúmeras receitas de finger food existentes, a natureza de criação desse termo possui uma história bem curiosa. Afinal, ele costuma ser relacionado com a atriz e escritora britânica Joan Collins, que protagonizou o seriado americano ‘Dinastia’. Tudo indica que foi ela quem inspirou o surgimento dessas ‘comidinhas’, embora isso não seja comprovado.

    Finger food Roseli Candêo Senac
    Finger foods diversos feitos por Roseli Candêo, docente do Senac PR

    O que muitos dizem é que Collins tinha o costume de comer apenas pequenos aperitivos no lugar de refeições normais quando estava em algum set de gravação. Além disso, parece que ela justificava esse seu hábito ao dizer que, assim, poderia se alimentar usando apenas os dedos e, com isso, ter menos chances de estregar a maquiagem, em especial o batom. Dessa maneira, teria surgido a expressão finger food.

    Essa história sendo verdade ou não, a realidade é que a criação e grande sucesso das minirrefeições estão diretamente relacionados ao atual modo de vida. Antigamente, era uma tendência as festas, casamentos, aniversários e eventos diversos possuírem um regimento rígido de etiqueta para serem considerados bem organizados e de sucesso. Hoje, o contrário ganha destaque a partir do momento em que todas essas celebrações estão, cada vez mais, descontraídas e criativas. Com isso, os buffets e outros fornecedores de comida fora do lar acompanharam essa transformação, tornando os seus menus mais práticos e despojados, mas sem perder o requinte, como é possível ao trabalhar com finger food.

    Senac-PR
    www.pr.senac.br/principal/index.asp

    Chef William Ribeiro
    www.chefwilliam.com.br

    Seen Restaurante & Bar
    www.seensp.com

    Grupo Marakuthai
    grupomarakuthai.com.br

    Restaurante Hospedaria
    www.restaurantehospedaria.com.br

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