O novo normal

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    o novo normal

    Em processo de retomada das atividades em várias regiões do país, negócios de alimentação vivem desafios, estabelecem novas medidas e investem em inovação

    A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e as medidas de isolamento social tomadas como forma de conter a propagação da doença impactaram diretamente a economia e negócios dos mais diferentes segmentos. O setor de bares e restaurantes foi um dos mais afetados nesse cenário.
    Até o fechamento desta edição, embora algumas cidades tivessem adotado ações de flexibilização do distanciamento, outras ainda mantinham praticamente tudo fechado, exceto os serviços essenciais.
    Mas como os restaurantes estão nesse cenário? E mais: como estão reagindo no processo de retomada onde já é permitido ou pretendem agir nos locais onde ainda permanecem sem funcionar? Como estão se preparando para o que vem sendo chamado de “nova normalidade”?

    o novo normal
    “Um plano de contingência para os restaurantes foi criado imediatamente para podermos orientar todas as equipes rapidamente para a manutenção de um ambiente institucional seguro e saudável no contexto da Covid-19”, diz o gerente de relacionamento com cliente e mercado da Express Restaurantes Empresariais, Ronaldo Lasek

    O diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Alberto Lyra, destaca que ainda há muita incerteza, uma vez que a retomada tem sido diferente de acordo com cada região do Brasil, cabendo as decisões aos governos locais.
    “O que é certo é que cerca de 20% das empresas do setor não deverão reabrir as portas, segundo pesquisa que ANR fez com associados em abril. Muitas estão tendo que reduzir o tamanho de suas operações”, diz.
    “O delivery representa apenas 5% do setor no país e ajuda muito pouco. O setor está descapitalizado, sem capital de giro e renegociando suas dívidas. A grande equação na volta será gerar receita suficiente para pagar o prejuízo da crise”, destaca.
    Em relação aos principais desafios dos restaurantes no período de retorno, Alberto Lyra frisa o de retomar as atividades nos níveis anteriores à crise.
    “Isso não irá ocorrer da noite para o dia, como temos percebido nas experiências de reabertura no exterior. Haverá, por certo, limitações impostas por novos protocolos de segurança, como distanciamento mínimo entre mesas, regras rígidas para filas, novos padrões para fluxo de pessoas no interior dos estabelecimentos etc”, pontua.
    Neste momento, afirma ele, todos estão revendo suas operações, “cortando na carne para enxugar ao máximo os custos, devolvendo imóveis em que não foi possível renegociar condições e, infelizmente, tendo que despedir colaboradores que tiveram treinamento específico, possuem experiência e têm famílias para manter. As altas taxas cobradas por cartões, vales e plataformas de pedidos dificultam ainda mais essa travessia e ameaçam de fato a sobrevivência dos negócios. É um período muito difícil”, afirma.
    Futuro – Alberto Lyra também acredita que a pandemia irá criar novos parâmetros de higiene tanto para a população quanto para as próprias empresas. Isso, salienta, é algo positivo.

    o novo normal
    “Na crise dos caminhoneiros em 2018, criamos processos de tomada rápida de decisões, o que nos ajudou muito no momento que estamos vivendo agora”, afirma o gerente de relacionamento com cliente e mercado da Express Restaurantes Empresariais, Ronaldo Lasek

    “Para ajudar seus associados, a ANR lançou no início de maio o ‘protocolo de procedimentos de boas práticas nas operações para restaurantes, bares e lanchonetes pós-Covid-19’. A premissa é que a população possa voltar a frequentar bares, restaurantes, lanchonetes, cafés e toda a cadeia da
    alimentação fora do lar com a plena certeza de que os estabelecimentos visitados buscam manter as melhores condições de saúde e higiênico-sanitárias. Participaram da elaboração desse documento alguns dos principais especialistas brasileiros no tema, entre os quais consultores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do estado de São Paulo e profissionais de empresas de pequeno, médio e grande porte especializados nos mais diversos serviços de alimentação. Esse material, feito para servir de referência para bares, restaurantes e lanchonetes, já foi requisitado por cinco estados e dezenas de municípios brasileiros, interessados em usá-lo como base para os Protocolos de Segurança que estão preparando para seus cidadãos. Isso confirma que estamos no caminho certo ao levar informação séria, correta e necessária para o bom empresário, colaboradores, profissionais e consultores das empresas, assim como para o atento e sério profissional das Autoridades Sanitárias”, destaca.

    Adaptação

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    O diretor executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR), Alberto Lyra, destaca que ainda há muita incerteza, uma vez que a retomada tem sido diferente de acordo com cada região do Brasil, cabendo as decisões aos governos locais

    Para o gerente de relacionamento com cliente e mercado da Express Restaurantes Empresariais, Ronaldo Lasek, a palavra da vez é adaptação.
    “Estamos nos adaptando com a nova realidade de cada cliente e tendo que tomar decisões muito rápidas. No nosso segmento de alimentação empresarial, cada cliente está tendo uma realidade diferente e isso faz com que tenhamos que nos adaptar em cada operação de acordo com essa nova realidade. Temos que pensar que uma crise coloca pessoas e empresas em um outro lugar e no caso da pandemia que estamos vivendo, um lugar muito dinâmico e com rápidas transformações. A Express atua em vários estados do Brasil e cada um está adotando medidas de segurança diferentes. Alguns mais rígidos que outros, o que faz com que nossas equipes tenham que inovar nos processos de atendimento. Mudança de fluxo de deslocamento nos restaurantes, restrições de números de clientes ao mesmo tempo no restaurante e também diminuição do número de lugares. E em alguns casos até servir individualmente cada cliente. Processos rígidos de higienização estão sendo reforçados em todos os restaurantes, boletins diários com informações de órgãos oficiais de cada região são distribuídos para equipes e clientes. Comunicação e diálogo são fundamentais nesse momento. Acredito que essa será a nova realidade que viveremos por algum tempo, de um mercado muito dinâmico, de processos rígidos de higienização, que no caso do segmento de alimentação já era aplicado, mas que agora está recebendo uma atenção especial por parte dos usuários do nosso serviço”, diz.
    Para ele, esse é o momento de a empresa estar próxima de seus clientes. “Esse é o grande desafio de qualquer empresa. Conseguir ler da melhor forma a realidade de seus clientes e conseguir adaptar o serviço de acordo com a realidade de cada um. Temos que nos adaptar, inovar na maneira de pensar, descobrir novas formas de agir e continuar”, frisa.
    Em relação às principais medidas adotadas pela empresa nesse período, Ronaldo Lasek afirma que existe um comitê de gerentes e direção do empreendimento que se reúne mensalmente. Mas, com a crise, as reuniões online são feitas a cada dois dias.
    “Um plano de contingência para os restaurantes foi criado imediatamente para podermos orientar todas as equipes rapidamente para a manutenção de um ambiente institucional seguro e saudável no contexto da Covid-19, contando, inclusive, com áudio orientativo nos alto-falantes das unidades. Estabelecemos procedimentos para a manutenção das atividades executando medidas de prevenção, contenção e mitigação instituídas pelas autoridades sanitárias nos diversos estados e municípios em que a Express atua. Além de reforçar as medidas individuais de prevenção e proteção nos ambientes. Quando possível, alguns profissionais administrativos realizam suas atividades no formato home office. Tivemos um considerável aumento no número de treinamentos online, acompanhamento virtual e a comunicação por meio de boletins informativos diários, mantendo a transparência das medidas adotadas pela empresa e evitando disseminação de fake news”, afirma.
    Para ele, a pandemia já está mudando os negócios. “Um dos aspectos que impactam o nosso negócio é o trabalho home office. Muitas empresas já adotaram a prática para os profissionais que conseguem desempenhar seu trabalho de casa. O nosso papel é trabalharmos com criatividade para conseguirmos atender esse público que não frequentará mais o restaurante. Temos que ‘surfar essa onda’, com novas tecnologias agregadas à cadeia de produção e otimizando ao máximo nossa cadeia de supply e logística”.
    Ele lembra que outras crises já foram vividas “e em cada uma delas saímos com alguns aprendizados. Na crise dos caminhoneiros em 2018, criamos processos de tomada rápida de decisões, o que nos ajudou muito no momento que estamos vivendo agora. Todas essas situações são desafios de aprendizado que precisamos instituir como processos dentro da empresa e assim estarmos mais preparados quando essas situações acontecerem”, pontua.
    Para Ronaldo Lasek, é o momento de muito diálogo com os clientes, fornecedores e funcionários. “Na Express, temos como propósito compartilhar experiências positivas todos os dias, o que nesse momento é um grande desafio, mas que estamos conseguindo alcançar devido ao comprometimento, coragem e profissionalismo de nossos colaboradores”, afirma.

    Associação Nacional de Restaurantes (ANR)
    anrbrasil.org.br
    Express Restaurantes Empresariais
    www.express.srv.br

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