Mercado de sucos permanece promissor em 2003

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    Apesar de um tímido crescimento das vendas de sucos de frutas prontos para beber no mercado brasileiro no ano passado, as empresas não tiraram o pé do acelerador: o apetite de quem atua no segmento continua grande. Mesmo com a turbulência econômica e a pressão do câmbio nos custos dos produtos, algumas empresas seguem com lançamentos e promoções, num movimento que tende a acirrar a concorrência no verão, quando a demanda normalmente é aquecida, e ao longo de 2003.

    Para perceber o potencial do mercado de sucos prontos, basta conferir os números. As vendas de sucos de frutas prontos para beber no mercado brasileiro alcançaram 27 milhões de litros no bimestre dezembro-janeiro, volume praticamente estável em relação ao registrado em outubro-novembro e 38,5% maior que entre dezembro de 2001 e janeiro de 2002, segundo dados da ACNielsen. No acumulado de 12 meses até janeiro último, as vendas somaram 154 milhões de litros, 45,3% mais que no mesmo intervalo até janeiro de 2002, segundo o instituto.

    A tendência de crescimento das vendas de bebidas à base de frutas é mundial. O ramo de sucos e chás tem previsões de vendas entre 40% e 50% maiores em 2003.

    Liderança

    Seja com números expressivos ou menos audaciosos, empresários que atuam nesse mercado são unânimes ao reconhecerem que somente com investimentos elevados será possível fazer frente à concorrência de multinacionais, como a Sucos Del Valle, subsidiária da mexicana Jugos Del Valle, que espera faturar este ano R$ 37,5 milhões apenas com a nova linha light.

    Líder de mercado com participação de 35%, a Del Valle prepara ações de marketing para o verão. Foi o “verão bem feito” em 2001/02 que garantiu o avanço da companhia neste ano, e assim será novamente. “O mercado de sucos prontos para beber movimenta anualmente cerca de 165 milhões de litros, o que representa R$ 450 milhões e vem crescendo a uma taxa ao redor de 40% ao longo dos últimos anos”, analisa Marcelo Passafaro, gerente de marketing da empresa de origem mexicana.

    A Del Valle está presente em todos os continentes americanos com fábricas e em vários países dos demais continentes através das exportações. A principal estratégia para enfrentar a concorrência é manter as características que a tornaram líder do segmento de sucos prontos para beber, como inovação, pioneirismo e qualidade dos seus produtos. “Em 2003, a empresa deve crescer 70% e atingir um faturamento de R$ 260 milhões e 136 milhões de litros”, projeta o gerente.

    O consumidor pode esperar da Del Valle em 2003 o mesmo compromisso com inovação que vem marcando a empresa. Neste ano, a campanha na mídia eletrônica pontuou o primeiro trimestre; a volta do sabor abacaxi marcou o segundo e no terceiro foi lançada a linha mix, que já responde por 5% de suas vendas totais.

    Projeto

    Programa da Associação das Indústrias Processadoras de Frutos Tropicais (ASTN) em parceria com a Agência de Promoções e Exportações (APEX ), o projeto “Tropical Juice Brazil” reúne produtores e fabricantes de frutas e sucos tropicais e tem como objetivo promover, divulgar e organizar o setor de sucos tropicais no Brasil e atingir o mercado externo. Segundo o presidente da ASTN, Etélio Prado, a idéia é promover o projeto com degustações em feiras, hotéis e eventos com a presença de possíveis consumidores internacionais.

    A ASTN é uma sociedade civil sem fins lucrativos. Criada em 1982, tem por finalidade a defesa de interesses da Indústria de Sucos e Conservas de Frutos Tropicais, bem como o seu desenvolvimento. Entre seus objetivos destacam-se a realização de estudos na área de tecnologia de produção e mercadologia; a expansão do consumo para seus produtos, a racionalização dos métodos de cultivo, colheita e plantio de fruteiras tropicais; a difusão da imagem de suas atividades e produtos.

    Fundado em 2000, o projeto surgiu em função da necessidade de abrir o caminho do mercado externo para o industrial do suco tropical no Brasil. Atingir 200 milhões de dólares de exportação de sucos tropicais, promover o segmento industrial, qualificando tecnologicamente o produto são as principais metas do projeto.

    “Hoje, o projeto encontra-se na 2º etapa do Projeto Setorial Integrado de Promoção e Exportação de Sucos Tropicais, com encerramento previsto para maio desse ano. Pretendemos também reaver a parceria de 16 agroindústrias e mobilizar ainda mais a APEX para o setor”, explica Prado.

    De acordo com o presidente da ASTN, as exportações do setor em 1999 atingiram US$ 16 milhões. “Desde então, até junho de 2002, foram exportados US$ 400 milhões em frutas tropicais”, observa. A comercialização de sucos e polpas nos mercados internacionais movimenta hoje US$ 5 bilhões.

    “Prontos” para o exterior

    Nova no mercado, a marca de sucos Mais está investindo na qualidade do produto como seu principal diferencial. Lançada em agosto em Minas e no Espírito Santo, em setembro em São Paulo e em outubro no Rio, a caçula não teme a acirrada concorrência. “Queremos conquistar o consumidor através do melhor produto, com uma embalagem adequada aos seus hábitos de consumo e de fácil acesso, com uma distribuição intensa em todo território nacional”, afirma o diretor superintendente da empresa, Victor Purri.

    Com capital 100% brasileiro, a empresa foi criada pelos grupos WRV e MonteSanto Tavares. A nova fábrica, resultado de um investimento de R$ 28 milhões, sendo R$ 16 milhões somente em maquinaria, é considerada a mais moderna da América do Sul e tem capacidade para produzir 6 milhões de litros por mês, na primeira etapa de funcionamento.

    A Mais elevou sua previsão de faturamento de R$ 52 milhões para R$ 80 milhões nos primeiros doze meses. Com um investimento inicial de R$ 30 milhões, sendo R$ 28 milhões na fábrica em Linhares (ES), a empresa espera retorno desse aporte em 42 meses. A empresa pretende conquistar a curto prazo 10% do mercado nacional de sucos, ou seja, 12 milhões de litros. De uma produção atual de 3 milhões de litros por ano, deve aumentar em oito vezes essa quantidade nos próximos anos.

    A companhia iniciou no mês de janeiro a exportação de seus produtos para Portugal, Estados Unidos e China. A nova marca de sucos prontos para beber está criando no exterior uma rede comercial semelhante ao sistema aplicado no Brasil, com agentes de atuação em canais específicos como food service, supermercados etc. Segundo Purri, a rede criada no exterior em breve deve ser ampliada. “O produto teve uma boa aceitação em território nacional, o que, de certa forma, adiantou a programação de exportação, que está em pleno vapor”, conta.

    O novo mercado deve representar a comercialização de 5 milhões de litros de suco, que corresponde a um faturamento de cerca de 3 milhões de dólares em 2003. Ainda de acordo com Purri, o produto comercializado para exportação será o mesmo produzido para vendas no Brasil. “Podemos fazer alguma alteração quanto a embalagem, de acordo com a demanda local. Nos Estados Unidos, por exemplo, o vidro é mais utilizado”, explica.

    Para o superintendente da Mais, o produto tem como diferencial a qualidade. “Nosso suco não tem conservantes, nem aditivos artificiais, possui alta concentração de fruta e é totalmente natural. Podemos considerá-lo um produto premium, que vai ser muito competitivo no exterior, principalmente em países onde não há esta facilidade para o consumo de frutas como existe no Brasil”. Para Purri, este é um dos principais motivos para o alto índice de consumo per capita de sucos industrializados no exterior. “A maioria das pessoas não tem acesso às frutas, são muito caras”, comenta. Outro fator é a praticidade, que também é o motivo da migração do consumo de fruta para o consumo de sucos prontos naturais no Brasil.

    “Em 2003, queremos dar continuidade no investimento da marca, com a exposição do produto ao consumidor, uma estratégia de sucesso que tornou o produto muito bem aceito. E complementar a linha de produtos com a água de coco, e a linha mix, que traz um suco com frutas misturadas”, planeja.

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