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    Investimento em energia solar se expande cada vez mais; empresas destacam benefícios

    Atualmente, trabalhar com um consumo consciente é algo muito importante nas organizações. Entre as ações relacionadas à sustentabilidade, em diversas empresas, está a utilização da energia solar. Mas como essa tecnologia é empregada no dia a dia? E dentro do food service, o uso desse sistema tem dado bons frutos? Empresas do ramo falam sobre suas experiências.

    Em busca da autossuficiência

    Evandro Weber, diretor da cachaçaria Weber Haus, que utiliza energia solar, conta como surgiu a ideia, a qual, segundo ele, partiu do desejo de ter autossuficiência em mais setores da empresa.

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    Evandro Weber, diretor da cachaçaria Weber Haus, que utiliza energia solar, conta como surgiu a ideia, a qual, segundo ele, partiu do desejo de ter autossuficiência em mais setores da empresa

    “A ideia surgiu devido a autossuficiência da empresa no canavial. Com objetivo de seguir esta linha, o processo de adoção das placas solares foi natural, para que nos tornássemos autossuficientes também na distribuição de energia”, relata.

    Para ele, a adoção da energia solar é muito positiva, com benefícios variados.

    “Existem diversos benefícios, como ser um recurso totalmente renovável que não faz nenhum barulho, não polui, quase não precisa de manutenção e é o sistema de autogeração mais barato”, diz ele.

    A Food Service News perguntou para Evandro Weber se existem pontos de atenção ao buscar essa tecnologia e ele assentiu, dizendo que é preciso todo um estudo de planejamento, além de manutenções programadas.

    “Sim. Para realizar a implantação, é realizado um estudo com engenheiros do setor para identificar a quantidade de placas necessárias para o empreendimento. Após a colocação, é preciso realizar uma limpeza de manutenção nas placas a cada seis meses para que não afete o funcionamento do sistema”, conta.

    Evandro Weber também foi perguntado sobre a existência de um reflexo positivo da adoção dessas formas de trabalho com os consumidores e se os benefícios econômicos são consideráveis e visíveis em curto prazo.

    “Sem sombra de dúvida, hoje os consumidores estão buscando isso no mercado, marcas que se preocupam com o meio ambiente e que investem em ações sustentáveis. Então, quando o consumidor descobre que o produto que ele irá adquirir possui algum certificado ambiental ou foi produzido com material reciclado, ele acaba se tornando um cliente fiel, e a confiança que ele tem na empresa acaba aumentando. A economia é realmente muito benéfica e significativa, e os impactos começam a aparecer em curto prazo”, afirma ele.

    Aumento da procura

    Thiago Chinen é especialista técnico da unidade solar da Fronius do Brasil, subsidiária da fabricante austríaca de inversores solares, e comenta sobre o aumento da procura das empresas pela energia solar no Brasil.

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    Thiago Chinen é especialista técnico da unidade solar da Fronius do Brasil, subsidiária da fabricante austríaca de inversores solares, e comenta sobre o aumento da procura das empresas pela energia solar no Brasil

    “É notável o aumento no número de empresas que aderem a esse tipo de geração de energia nos últimos anos. Isso pode ser justificado pelo fato de a tecnologia estar mais acessível em relação aos custos envolvidos, mas também por conta das tarifas de energia estarem em crescimento constante. Com o aumento da tarifa de energia, o tempo necessário para pagar o investimento, payback, é mais rápido, tornando o projeto mais atrativo e rentável”, afirma. “Os benefícios para aqueles que utilizam energia fotovoltaica estão relacionados aos custos da energia elétrica, que se torna muito mais barato do que a energia adquirida da concessionária. Caso este projeto seja feito com inversores Fronius, o dono da instalação poderá usufruir não só da economia gerada pelo sistema, mas também terá em mãos um sistema à prova das futuras mudanças regulatórias, aproveitando funções de armazenamento de energia e automação de cargas com o próprio equipamento”, destaca.

    Thiago Chinen afirma ser preciso ter atenção na execução dos projetos, na qualidade dos materiais e em sua instalação, visando sempre um trabalhar com profissionais especializados que garantam a segurança do sistema.

    “Como se trata de um projeto de um gerador de energia deve-se ter muita atenção em sua execução. O principal é em relação à segurança. Aqueles que desejam ter um sistema fotovoltaico devem procurar uma empresa especializada para a execução do projeto, que respeite todas as normas técnicas e de segurança vigentes. Além do respeito às normas, deve-se também sempre utilizar equipamento de fabricantes de qualidade, para todos os componentes, como inversores, cabos, componentes de proteção, módulos etc. Uma vez respeitados esses pontos, com certeza o projeto terá muito sucesso”, afirma.

    Thiago Chinen também fala sobre o tempo médio de retorno do investimento em empresas.

    “O retorno sobre o investimento é refletido na economia na conta de energia elétrica. A depender do tamanho do sistema instalado, essa economia pode chegar a até 100% da fatura de energia elétrica. Como cada região possui concessões diferentes, o tempo do retorno sobre o investimento pode variar, mas na média é em torno de 4 anos que se tem o payback. Assim, como o sistema fotovoltaico é projetado para ter uma vida útil de pelo menos 20 anos, o restante do tempo seria seu ‘lucro’”, diz.

    A importância do planejamento

    Carlos Mangini, sócio do O Brazeiro, conta que a maior parte da demanda energética de seu estabelecimento é suprida com energia solar.

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    Carlos Mangini, sócio do O Brazeiro, conta que a maior parte da demanda energética de seu estabelecimento é suprida com energia solar

    “Investimos recentemente em um projeto de conversão de aproximadamente 85% da nossa demanda de energia elétrica para matriz solar”, afirma.

    O empresário explica de onde veio a ideia, creditando-a a uma necessidade de cortes de gastos, já que as tarifas cresceram durante a crise hídrica, somada ao custo mais baixo de implantação da tecnologia solar, sem se esquecer do fator ambiental.

    “A ideia surgiu primeiramente por conta da expectativa de elevação dos preços de energia em decorrência da crise hídrica vivida esse ano e o entendimento de que no longo prazo os preços de energia deverão se manter em patamares mais elevados. Na prática temos como processo interno mensal um ranking dos nossos maiores fornecedores onde avaliamos possibilidades de renegociação ou alternativas de contratação. Nesse ranking já estávamos constatando um crescimento da distribuidora de energia e como não existe negociação com esses prestadores de serviço fomos buscar opções. Primeiramente fomos buscar opções no mercado livre de energia, onde percebemos que a nossa demanda era baixa para que se viabilizasse a substituição. Posteriormente, como possuímos uma grande área disponível em nosso estacionamento, fomos estudar a opção solar, o que se provou ser a melhor opção. Outros fatores que pesaram na decisão, como o barateamento da implantação da tecnologia solar, oferta de crédito específica disponível a um custo atrativo e, não menos importante, o compromisso de contribuirmos com um futuro mais sustentável, de melhor alocação dos recursos naturais”, afirma ele.

    Sobre os cuidados, o sócio do O Brazeiro destaca a necessidade de um projeto sólido e equipamentos de qualidade.

    “O projeto tem que ser elaborado em parceria com uma empresa de confiança, pois o suporte técnico do processo decisório talvez seja o grande divisor entre um projeto bem ou malsucedido, fatores como demanda energética, área disponível de implantação, posicionamento possível para os equipamentos, têm que ser criteriosamente analisados para que não se tenha nenhuma surpresa pós-implantação. E somente após a validação da viabilidade técnica que deve se buscar a viabilidade econômica. Infelizmente, com o aumento da concorrência nesse mercado, vemos muitas empresas que buscam atrair clientes com aspectos mercadológicos, e condições de financiamento, sem ao menos se atentar aos aspectos técnicos básicos”, afirma.

    Quando o assunto é a recepção dos clientes à adoção da energia solar, Carlos Mangini ressalta que tal movimento vem ganhando força e faz diferença, o que incentiva um investimento ainda maior em sustentabilidade.

    “Sem dúvidas, acreditamos que cada vez mais os clientes buscam o atributo sustentabilidade em todas as formas de consumo. No nosso restaurante especificamente passamos por uma grande transformação nos últimos anos com ações que envolvem desde a reforma do salão visando a maior circulação de ar e redução do uso de ar-condicionado, a conversão de toda a embalagem para materiais recicláveis e fechando com a implantação do projeto solar”, afirma.

    Por fim, o empresário fala sobre o saldo da implantação da energia solar em seu estabelecimento.

    “Como foi a nossa lógica? Após a elaboração do projeto estimamos o custo do investimento e a economia esperada. Com esses dados projetamos, com base em tarifas regulares, o quanto economizaríamos por mês quando o sistema estivesse em pleno funcionamento e estimamos a parcela que poderíamos pagar sem que tivéssemos que ter qualquer custo adicional. Chegamos em um financiamento de 60 meses, portanto, é como se durante 5 anos estivéssemos trocando o que pagamos para a distribuidora para o financiamento e após esse período estaremos com energia ‘grátis’ até a renovação dos equipamentos. Lembrando que a garantia de uma placa solar é de 20 anos, portanto estimamos que tenhamos aproximadamente 10 a 15 anos de ‘dividendo’ energético. Seria uma economia bastante relevante no caso do nosso negócio”, afirma.

    Atuação

    Rafael Vignolli, CEO da Lemon Energia, explica a atuação de sua empresa, que busca levar fontes sustentáveis de energia para pequenos estabelecimentos Brasil afora.

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    Rafael Vignolli, CEO da Lemon Energia, explica a atuação de sua empresa, que busca levar fontes sustentáveis de energia para pequenos estabelecimentos Brasil afora

    “A Lemon é uma ponte entre os pequenos consumidores de energia e usinas que geram energia renovável. Portanto, há em nossa matriz uma diversidade de fontes – desde que sejam limpas e sustentáveis. Mas o investimento na produção de energia não é da Lemon. E foi justamente daí que nascemos. Enxergamos, em 2019, a necessidade do mercado de geração em se tornar acessível para pequenos clientes e proporcionar a eles experiência de consumidor, não de meros pagadores de contas de luz. Passamos, então, por uma primeira rodada de investimentos no segundo semestre de 2020, que contou com o apoio de alguns anjos e também Z-tech, o hub de investimentos e tecnologia da Ambev. Foi aí que, na prática, se deu a expansão e efetiva oportunidade de alcançar pequenos estabelecimentos, bares e mercearias por todo o Brasil”, afirma.

    Rafael Vignolli fala também sobre a percepção das pessoas em relação a questões ambientais e como isso se reflete nas escolhas de consumo.

    “Acreditamos que, cada vez mais, as pessoas estão mais conscientes das questões climáticas e buscando alternativas para reduzir o volume de lixo, o consumo de plástico, adotar práticas mais sustentáveis de manejo de lixo residencial e procurando maneiras de consumir energia mais limpa e renovável. Mas energia é realmente uma necessidade pouco palpável. Pouco se fala sobre o consumo de eletricidade ou sobre o impacto socioambiental de sua geração. Mas a verdade é que 31% das emissões de gases estufa estão associados à produção de energia. A diversificação das fontes limpas de energia é um movimento necessário – e global. E como marca, todo estabelecimento é também formador de opinião. Cuidar do planeta, e incentivar este movimento, é nossa obrigação. O consumo de energia limpa é um movimento global. Os estabelecimentos que estão fazendo sua parte nesse processo, e conseguirem mostrar isso, serão valorizados pelos clientes, sem dúvida”, afirma ele.


    Weber Haus
    weberhaus.com.br
    Fronius
    www.fronius.com/pt-br/brasil
    O Brazeiro
    www.obrazeiro.com.br
    Lemon
    www.energialemon.com.br

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