Irresistíveis!

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    Irresistíveis!

    O que são alimentos hiperpalatáveis e por que fazem tanto sucesso?

    Você sabe o que salgadinhos de pacote, chocolates e biscoitos têm em comum? Esses itens pertencem a um grupo chamado de alimentos hiperpalatáveis, que são, basicamente, alimentos que as pessoas “não conseguem parar de comer”.

    “Os alimentos hiperpalatáveis são aqueles que literalmente você não consegue parar de comer, ainda que já esteja saciado. Eles postergam a sensação de saciedade e ativam em nós uma sensação de ‘recompensa’, e que mesmo sem fome não conseguimos dizer ‘não’”, destaca Elaine de Araújo, especialista em Segurança de Alimentos pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) e consultora para novos negócios na área de Alimentos.

    A consultora explica que há uma espécie de tabelamento que define quais alimentos são e quais não são hiperpalatáveis e que, por isso, até mesmo alimentos dietéticos podem ser englobados na categoria.

    Irresistíveis!“Pesquisadores estabeleceram valores em porcentagem dos nutrientes para poderem classificar os alimentos como hiperpalatáveis, sendo que, segundo o periódico Obesity em novembro de 2019, são alimentos hiperpalatáveis aqueles que contêm: mais de 25% de sua energia proveniente das gorduras e 0,3% ou mais do seu peso de sódio, como o bacon, 20% de sua energia proveniente de açúcares simples. Por exemplo: brownie, e sorvetes industrializados, ou mais de 40% da energia proveniente de carboidratos e 0,2% do seu peso de sódio, como pães e biscoitos. Outro dado interessante é que mesmo alimentos considerados dietéticos podem estar nesta categoria, visto que como num chocolate diet, o açúcar é substituído pela gordura, e diversos outros alimentos são acrescidos de aditivos alimentares”, afirma ela.

    Elaine Araújo diz que essas características dos alimentos hiperpalatáveis acabam fazendo com que eles alcancem números expressivos de vendas.

    “Sem dúvida, são alimentos de fácil comercialização. Os fast foods, sendo que pesquisadores analisaram mais de 8 mil alimentos vendidos nos Estados Unidos, destes, 62% preenchiam os requisitos desta categoria, como pizzas, alimentos fritos e doces”, diz ela.

    Elaine Araújo explica ainda a que se deve o crescimento nas vendas desses tipos de produtos, citando os estímulos biológicos e neurológicos que possuem. Ela também cita pesquisas que apontaram riscos no consumo excessivo desses alimentos, deixando claro que não é que seja “proibido” comê-los, mas que é necessária uma alimentação equilibrada.

    “O crescimento destes alimentos envolve inúmeras questões, pois como eles ativam áreas do cérebro responsáveis pela ‘recompensa’, o indivíduo come por estar ansioso, feliz, estressado e não necessariamente para saciar a fome. A procura por alimentos hiperpalatáveis, ricos em açúcares e carboidratos, estimulam o hipotálamo (região do cérebro) a liberar sensações de prazer. Considerando o fato de que a ansiedade é cada vez mais comum na nossa sociedade, a tendência é que esses alimentos tenham cada vez mais espaço na dieta e na vida das pessoas. Importante ressaltar que inúmeros estudos realizados nos EUA apontam o aumento da obesidade como resultado de uma dieta recheada de alimentos hiperpalatáveis e ultraprocessados. Descobriram ainda, que os participantes que consumiram uma proporção maior de alimentos hiperpalatáveis com carboidratos e sódio em suas refeições tiveram uma mudança de peso significativamente maior e a porcentagem de gordura corporal. Os hábitos alimentares são a soma de tudo o que comemos com frequência, sendo assim, não há problema em recorrer eventualmente aos alimentos hiperpalatáveis, como resistir àquela pipoca quentinha no cinema? Entretanto, fazer deles um hábito resulta em longo prazo em problemas sérios de saúde, como obesidade, hipertensão e outras consequências”, diz ela.

    Atenção

    O nutrólogo Gustavo Feil explica o porquê de alimentos hiperpalatáveis serem tão irresistíveis, relacionando essa característica a um estímulo neurológico que as pessoas recebem ao comê-los.

    “São aqueles alimentos que ‘não conseguimos parar de comer’, aqueles alimentos que ativam nosso circuito de recompensa ao consumi-los, criam uma experiência altamente gratificante. Na sua composição contém em média mais de 25% de gorduras e 0,3% ou mais de seu peso composto por sódio, mais de 20% de sua energia proveniente de açúcares simples e o mesmo percentual de gorduras, ou mais de 40% da sua energia proveniente de carboidratos e 0,2% do seu peso de sódio, a exemplo temos o bacon, cachorro-quente, pizza, bolos, sorvete, pães, biscoitos, os fast-foods. São alimentos densos em energia e contendo ingredientes que aumentam a palatabilidade, como gordura, açúcar, e sódio”, afirma.

    Irresistíveis!Gustavo Feil conta também que são as gorduras e os carboidratos os principais responsáveis por esse sabor irresistível que resulta na dificuldade de parar de comer esses alimentos.

    “Por serem ricos em gorduras e carboidratos, eles são mais saborosos que outros alimentos que de acordo com a combinação de ingredientes ligados ao sabor ativam mecanismos que nos levam a comer em excesso”, destaca.

    Segundo Gustavo Feil, o consumo desses produtos vem crescendo cada vez mais, mas é necessário se tomar cuidado justamente pelos prejuízos que o consumo excessivo pode trazer à saúde.

    “Sim, por serem alimentos industrializados, o seu consumo está cada vez mais aflorado, pela praticidade em adquirir o alimento e também pelo seu sabor. Porém, são alimentos que ingeridos de forma desenfreada podem gerar danos ao organismo, como a obesidade”, diz.

    Combinação de ingredientes

    Lais Mariano Zanin, coordenadora da pós-graduação de Gestão de Negócios em Serviços de Alimentação – foco em resultados do Senac EAD, fala sobre o sucesso dos alimentos hiperpalatáveis.

    “O sucesso, sinônimo aqui de o consumidor gostar e viciar no consumo desses alimentos, vem justamente da sua combinação de ingredientes que fazem com que aumente a intensidade sensorial e a resposta recompensatória dos alimentos. Em contrapartida a esse sucesso, há o risco de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis que podem ser ocasionadas pelo consumo excessivo dos produtos citados”, diz.


    Elaine de Araújo
    labellecuisine.com.br
    Gustavo Feil
    instagram.com/dr.gustavofeil
    Lais Mariano Zanin
    www.ead.senac.br

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