Inovação para prosperar

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    Inovação para prosperar

    Empresas que sempre trabalham para oferecer novos produtos e serviços aos seus clientes podem ter muito mais chances no mercado food service

    Inovação para prosperarInovação. Palavra que, atualmente, é muito falada e discutida, principalmente, no meio empresarial. Mas, o que, afinal, é inovação? De acordo com César Akira Yokomizo, coordenador da pós-graduação em Gestão Estratégica da Inovação do Centro Universitário do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), em São Paulo, capital, “existe no mercado uma percepção incorreta ou incompleta acerca da inovação, embora seja um termo amplamente utilizado nas mesas de negócios. Primeiramente, convém entender em qual área do conhecimento estamos tratando da inovação: inovação tecnológica, inovação nas artes e inovação nos negócios, por exemplo, assumem conceitos muito diferentes e específicos. No mundo dos negócios, já há um consenso de que inovação é a materialização de uma solução que atenda a uma necessidade ou mais de um público-alvo e que traga benefícios para aquele que promova sua implantação. É de enfatizar que inovação pressupõe que a solução atende a uma necessidade ou mais de um público-alvo; a solução é passível de ser colocada em prática; e a correta implantação gera benefícios para seu promotor. Estudos recentes apontam que, no Brasil, muitos consideram que a criatividade e a inovação são sinônimos. No caso, a percepção incompleta é que a criatividade é apenas parte do processo inovador. Portanto, inovar pressupõe não apenas ter uma ideia para solucionar uma necessidade, mas colocá-la em prática e auferir os benefícios da correta implantação”, explica.
    Yokomizo também esclarece que “considera-se que a inovação seja uma das maneiras mais poderosas para se obter vantagem competitiva sustentável. E, portanto, sistematizar um processo de inovação contribui decisivamente para que organizações consigam ser mais eficientes e eficazes. A organização que tenha o processo de inovação como parte da rotina organizacional conseguirá, necessariamente, colher os benefícios, maiores ou menores, mais cedo ou mais tardiamente. Já a organização que não tenha a inovação como parte da rotina organizacional dependerá muito mais da sorte para conseguir ser mais competitiva e antecipar-se às demandas de mercado”, afirma.
    Nesse cenário, para Yokomizo, “quando a organização consegue sistematizar o processo de inovação, ela não depende mais exclusivamente da sorte. Pelo contrário, sistematizar pressupõe que o processo é passível de controle e, portanto, caso necessário, ajusta-se à parte do processo que esteja ineficiente ou com problema. Assim, a grande vantagem de um processo sistematizado de inovação é a certeza de que a inovação emergirá. Por outro lado, muitas organizações ainda não estão preparadas para implantar correta e adequadamente o processo de inovação. Em parte, porque inovação pressupõe risco e, tradicionalmente, gestores são avessos ao risco. E, principalmente, porque, para inovar, é necessário contar com profissionais capacitados. São profissionais com visão holística, excelente interlocução com diferentes áreas e pessoas dentro e fora da organização, tecnicamente preparados para implantar projetos e gerir indicadores de desempenho, apenas para citar algumas características. Nesse sentido, não por acaso, o gestor da inovação já é e continua sendo considerado uma das profissões quentes”, pontua.

    Inovação constante no food service

    Inovação para prosperarO processo de inovação constante em que diversas empresas trabalham sempre para oferecer produtos e serviços inovadores é uma realidade no mercado food service, que deve movimentar R$ 526 bilhões no Brasil até 2022, conforme levantamento da Euromonitor International.
    Carla Reis dos Santos é gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Tangará Foods e diz que, na sua concepção, inovar significa “romper o ‘status quo’. É a arte de conseguir trazer ao mercado produtos/serviços diferenciados e com conceitos que vão surpreender os consumidores com personalidade e que vão resolver suas necessidades. Se uma empresa quer se diferenciar no mercado, o estímulo à inovação deve ser constante, tanto interna quanto externa. É necessário estimular as pessoas a olhar diferente para as coisas que se vê dia após dia. Nem sempre inovação constante é traduzida em lançamento sucessivos de produtos inovadores, mas também na forma de comunicação com o cliente, no seu atendimento, na prestação de serviços, na captação das suas necessidades para buscar soluções personalizadas. Uma equipe motivada pensa melhor, pensa com liberdade e, portanto, chega a soluções rápidas e criativas”, avalia.
    Segundo Santos, “o mercado de food service é o que mais cresce no Brasil e se diferenciar nesse universo competitivo é sempre um desafio. Nós acreditamos que é impossível manter uma plataforma de inovação fechada. O contato com o que está acontecendo ao nosso redor, com as tendências e, principalmente, o entendimento das necessidades dos nossos clientes é fundamental para o processo de inovação nesse setor. É preciso estar antenado às tendências e pronto para solucionar os problemas que os clientes têm com seus produtos”, ressalta.
    O processo de inovação constante da Tangará Foods é realizado por meio do “conceito do ‘Funil de Inovação’. Os projetos de pesquisa que geram inovação percorrem a trajetória normal da elaboração de projetos. As novas ideias são alimentadas em um banco, selecionadas por um comitê multidisciplinar e, depois, validadas em função das tecnologias existentes e/ou com base na previsão de investimentos em novas tecnologias juntamente com a análise do potencial de mercado e da sua viabilidade técnica. Se aprovada, abre-se um projeto. A partir desse ponto, os conceitos são desenvolvidos através dos testes pilotos, prototipação até a implementação para produção e comercialização”, detalha a gerente.
    Para Santos, investir em inovação constante é muito vantajoso. “Eu só vejo vantagens em estimular a inovação constante. Estar antenado às mudanças, propor soluções rápidas e sair na frente em um ramo de negócios, cada vez mais, competitivo. Visando estimular o ambiente inovador e criativo, a Tangará inaugurou, em 2016, o Centro Tecnológico de Pesquisa e Inovação. O centro conta com quatro plantas pilotos voltadas para a aplicação de ingredientes na área de lácteos, como iogurtes, bebidas com alto teor de proteínas, requeijão e queijos processados, sorvetes, panificação, doces e sobremesas e produtos para confeitaria. Tem também uma planta de concentração e secagem de produtos em pó. Com essa estrutura, temos a oportunidade de expandir ainda mais a atuação personalizada junto aos clientes, reduzindo o tempo de resposta das demandas e estreitando as parcerias, o que é um diferencial importante no mercado de food service. O centro também tem como objetivo capacitar as equipes internas e dos nossos clientes, com treinamento teóricos e práticos ministrados frequentemente. Fomentar o ambiente inovador, permitindo que as pessoas expressem suas ideias e opiniões e trabalhem de forma colaborativa é a grande estratégia da empresa para continuar inovando. Um exemplo claro de crescimento com lançamento de novos produtos foi a expansão da Tangará no canal sorveteria, após o lançamento dos novos produtos ‘Bases lácteas para Sorvetes’, em 2016, na Fispal. O crescimento em 2018 foi de 111,09% se comparado ao ano anterior”, revela.
    Mauricio Bonfim, gerente de Inovações da Kerry, também considera proveitoso o investimento das empresas do ramo food service em inovação constante. “A vantagem é que estamos sempre à frente para atender os clientes para que eles reajam rapidamente às demandas do consumidor. Ao inovar, mantemos a referência como pioneiros e a relevância do mercado e é isso que nos move a fazer do canal food service um lugar melhor. E é esse processo de desenvolvimento que faz nossos clientes nos buscarem, constantemente, para inovar seus produtos finais. Inovar é estar à frente e apontar tendências, é criar novas soluções para surpreender o nosso cliente de acordo com o que o consumidor está apontando como tendência nas redes, restaurantes, hamburguerias e bares, mundialmente e localmente. É fundamental que as empresas estejam sempre em desenvolvimento e busquem melhorar seus processos e produtos. A Kerry investe, constantemente, em oferecer novas tecnologias e soluções para seus clientes. Por isso, é pioneira e líder em Taste & Nutrition. Além de investir em operação, temos papel educacional com os fabricantes de alimentos e bebidas. Buscamos entender o que o consumidor procura e definir quais são as tendências de mercado, realizando pesquisas investigativas para demonstrar as tendências por meio de dados e relatórios. O canal food service, em especial, necessita de um dinamismo diferente em termos de inovação. Velocidade e criatividade são as palavras-chave para capturar atenção dos consumidores em segundos que precedem a sua escolha de onde fazer sua refeição. Por isso, a Kerry tem um modelo de negócio único que trabalha com a inovação por meio da criação prática e estudo de viabilidade de chefs e mixologistas baseados em estudos de tendências geradas pelas demandas dos consumidores, pesquisa e desenvolvimento de ingredientes, aromas e soluções e também um painel sensorial treinado para testar se o que está sendo criado está alinhado ao paladar dos brasileiros. Além disso, nossos profissionais têm contato aberto e constante com seus pares nas outras regiões para manter a inovação como um tema global”, partilha.
    Bonfim destaca que “a Kerry está sempre focada nos consumidores locais, já que o objetivo da empresa é atender às necessidades dos consumidores. O fato de termos presença global nos permite usar tecnologias diferenciadas suportadas pelo conhecimento da nossa equipe ao redor do mundo para aplicações nos mercados regionais. Nosso modelo de inovação começa com a compreensão detalhada das tendências globais de mercado e uma base científica sólida. Então, utilizando a maior carteira de sistemas de sabores e nutrição do mercado, ajudamos nossos clientes a desenvolver ótimos produtos que atendam às expectativas do consumidor referente a sabor e nutrição. Contamos ainda com estruturas de marketing, pesquisa de consumidor, chefs e baristas locais que buscam sabores autênticos e soluções locais para os novos lançamentos, sempre conectados aos seus pares nas outras regiões. Os conceitos desenvolvidos são mapeados com base nas necessidades dos consumidores e na avaliação dos concorrentes. Também contamos com pesquisa sensorial e focus groups dentro e fora da empresa. E é assim que conectamos todas as peças envolvidas no processo – desde as bases de tecnologia Kerry, conectado com nossas estruturas de marketing, sensorial e operações – entregamos propostas e conceitos de valor para empresas de alimentos e bebidas e também para o canal de alimentação fora do lar”.
    O gerente de Inovações da Kerry divide ainda que a empresa tem “diversas métricas que medem não apenas o mercado para o qual o produto foi desenvolvido, mas também os investimentos feitos globalmente e na região. Uma delas é contabilização de todos os produtos aprovados e comercializados vs. todas as oportunidades do mercado de food service captadas pela equipe comercial”, ressalta.

    O que é preciso para inovar?

    Inovação para prosperar“Para inovar, é preciso estar antenado às reações do consumidor e ter foco no cliente para ganhar velocidade e qualidade. Precisamos sempre estar abertos para as mudanças e também prototipar ideias, pois a inovação pode vir de um insight sobre um processo ou uma ideia despretensiosa no meio do dia”, alerta Bonfim, da Kerry.
    O gerente de Inovações acredita que “o mercado de food service é extremamente desafiador e tem impulsionado nossa área de pesquisa e desenvolvimento. Entendemos que esse mercado exige adaptações constantes e uma análise dos hábitos de consumo dos brasileiros permanente. Fazemos, periodicamente, um trabalho de campo visitando os principais players de redes, restaurantes, hamburguerias, bares e casas de drinks para captar informações e replicar essas tendências em escala maior, traduzindo, assim, o que acontece no universo do food service artesanal para uma dimensão muito maior na escala da indústria”.
    Para Santos, da Tangará Foods, para inovar, é preciso, acima de tudo, “resiliência. Nem sempre as ideias, por mais interessantes que sejam, serão viáveis ou se transformarão em um produto de sucesso. É preciso aprender a lidar com as frustrações, com a limitação de recursos, sem desistir. Projetos disruptivos trazem riscos. Então, temos que estar abertos a esse aprendizado para estimular a inovação constante e não travar o processo criativo. Uma empresa que não inova, que não lança novos produtos, que não se diferencia na prestação de serviços, se mantém no mercado, mas não cresce. Mudar a participação de uma empresa no mercado está diretamente relacionado com a sua capacidade de inovar”, enfatiza.

    Na prática

    Inovação para prosperarJulio Bertolucci é diretor de franquias da Água Doce Sabores do Brasil que, de acordo com ele, sempre trabalha a partir das últimas tendências descobertas por meio de pesquisas da área de alimentação.
    “Inovação está em nosso DNA de gestão e, para isso, constantemente, participamos de eventos nacionais e internacionais em busca de tendências do setor, hábitos de consumo e para entender melhor a jornada de consumo dos clientes. Além disso, fazemos pesquisas constantes com os nossos consumidores para entender melhor quais os seus anseios e expectativas. Também ouvimos muitos os nossos franqueados, pois eles estão na ponta e são uma fonte rica de informação”, frisa.
    “Costumo dizer que comida é igual a tecnologia. Todo dia uma novidade. Somos abordados, constantemente, com novas tendências de consumo, novos produtos e mudança de hábito dos consumidores. A primeira atitude do empresário para seguir as últimas tendências é que esteja aberto às mudanças. Os caminhos que nos trouxeram até aqui não são os mesmos que nos levarão para frente. Com a mente aberta, entendo ser importante falar com o seu consumidor. Saber quem realmente é o seu consumidor e ouvi-lo. Estar atentos às fontes de informações (revistas especializadas, feiras, eventos) e não postergar as decisões. Se não mudarmos agora, a concorrência irá mudar”, destaca.

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