Franquear um negócio tem sido o atual desejo de muitos empreendedores, mas esse processo exige planejamento e análise
O franchising tem se tornado referência no mundo dos negócios, uma vez que apresenta expansão nos mercados nacional e internacional. Por isso, essa prática vem sendo bastante adotada em diversos segmentos, inclusive no de alimentação fora do lar.
Diante desse positivo cenário, franquear um negócio tem sido o atual desejo de muitos empreendedores. Porém, negociar o direito de uso de uma marca e instalar novas unidades da empresa em outras localidades não é tarefa tão simples. Afinal, como em qualquer plano de expansão empresarial, o franchising requer planejamento e análise.
Para que uma empresa se expanda a uma rede de franquias, é essencial fazer um estudo de franqueabilidade, conforme indica João Batista, coordenador do Comitê de Alimentação da Associação Brasileira de Franquias (ABF). “Em termos simples, é fazer um estudo profissional da viabilidade econômica de se franquear determinado negócio”, explica.
O coordenador esclarece que atestar esse estudo também é primordial, uma vez que é um “processo que inclui avaliação do produto/serviço oferecidos, público-alvo, mercado potencial em termos geográficos, marca, aspectos operacionais e retorno financeiro potencial”.
Além disso, ele ressalta que “uma decisão importante que costuma ocorrer nesse processo é qual o pacote de recursos/benefícios/suporte será oferecido ao franqueado e quais serão as taxas de remuneração do franqueador. Todas essas informações subsidiam um Plano de Negócios completo e sólido, que abrange também os investimentos e estruturas necessárias e o retorno alvo do investidor”, salienta.
Para Batista, o estudo de franqueabilidade trata-se de “uma questão de análise de valor e planejamento sólido. A partir dele, se pode trabalhar na estruturação operacional da rede, sua expansão e fortalecimento”, afirma. Por isso, o coordenador da ABF pontua que o processo de confirmar a viabilidade de uma franquia deve ser feito por meio da contratação de profissionais preparados e externos.
“Embora algumas marcas façam esse processo internamente, o mais comum é contratar consultores especializados nesse tipo de estudo. Dessa forma geral, eles fazem um mergulho na empresa que deseja se transformar em uma rede franqueadora, investigam seu público-alvo e mercado potencial, concorrência, realizando uma análise mais isenta”, enfatiza.
Quando perguntado se há algum fator mais importante a ser considerado durante o estudo de franqueabilidade de uma marca, como a questão financeira, Batista diz que o primordial é que o empresário foque na composição entre a viabilidade financeira, a atratividade do produto e/ou serviço e o potencial de mercado.
“O estudo de franqueabilidade fornece uma base e um direcionamento, mas a implantação, além dos aspectos operacionais que também são importantes, está muito ligada a esses dois aspectos. A concorrência é outro fator para análise que não podemos abrir mão. Logo, a decisão de franquear ou não uma marca, ou mesmo ingressar como franqueado em uma rede de franquias, deve ser baseada em uma visão mais holística, ainda mais agora que a economia e os mercados estão cada vez mais instáveis e competitivos”, avalia.
Durante o estudo de franqueabilidade, todos os detalhes da estrutura de uma empresa, como porte, tempo de mercado, portfólio de produtos, fornecedores e gestão, devem ser devidamente observados. Afinal de contas, essa maneira de iniciar rede de franquias pode ser considerada como uma metodologia para a obtenção e análise dos riscos e oportunidades. Dessa forma, o empresário irá conseguir refletir se a melhor proposta e alternativa para crescer são mesmo por meio do franchising, sem arriscar o futuro de seu atual empreendimento e o de outros negócios que virão se juntar a ele.
Ainda segundo Batista, “o principal conselho é sempre buscar informações relevantes e precisas sobre o negócio em que se pretende ingressar. É apenas com base em informações consistentes que se pode tomar uma decisão de investimento consciente e realizar um planejamento factível”, diz o coordenador da ABF.
Aplicabilidade
Segundo Arlan Roque, gerente de expansão da Cacau Show, o estudo de franqueabilidade da marca funciona por meio de uma análise detalhada do mapeamento de todas as praças do Brasil.
Ele revela que esse procedimento é realizado, principalmente, por meio de indicadores socioeconômicos, somados a uma pesquisa específica do segmento de chocolates por cada município brasileiro.
Roque relata que o estudo de franqueabilidade das franquias Cacau Show é algo repassado a todos os franqueados que se enquadram ao perfil esperado pela marca. Porém, isso só ocorre depois de eles terem a praça pré-aprovada para análise in loco, uma vez que todos os pontos da marca têm validação final em visita ao local. “Nesse momento, expomos ao franqueado o plano de negócios para aquela operação. Somente damos sequência se o franqueado estiver alinhado com as expectativas de faturamento, lucro e payback da operação”, pontua.
O gerente de expansão avalia que o processo de atestar a viabilidade de uma franquia da Cacau Show apresenta diferenciais. “Esse processo nos possibilita compreender a viabilidade de desenvolvimento de uma nova operação, além de permitir que o franqueado desta unidade tenha expectativas alinhadas. Ou seja, não espere mais do que o ponto em questão tenha de potencial e desenvolva o trabalho necessário para que alcance o potencial. Também temos casos em que deixamos de fazer uma nova operação quando constatamos inviabilidade”.
Para Roque, a constatação da viabilidade financeira de uma franquia é um dos fatores mais importantes para a conquista do sucesso. No entanto, ele acredita que essa questão faz parte de um todo que também deve ser levado em consideração.
“A viabilidade financeira é um dos passos mais importantes, mas é parte de um conjunto. Temos que equilibrar a equação, como o perfil ideal de franqueado para aquele modelo ou local em que a operação está sendo analisada. Posso ter uma operação muito promissora em um ponto de shopping, mas com um franqueado que tem boa operação em loja de rua, que não quer shopping. Ou seja, o equilíbrio fica prejudicado. Então, consideramos que a viabilidade financeira é um passo importante, fundamental até, mas não o único”, enfatiza.
Êxito
Isaias Bernardes de Oliveira é fundador e presidente da Chiquinho Sorvetes. O empresário também destaca que a viabilidade financeira é relevante durante o estudo de franqueabilidade. Entretanto, ele salienta que o fator econômico não é uma garantia de êxito.
“O fator de viabilidade financeira nem sempre é crivo de sucesso de uma franquia ou negócio, mas, sim, a capacidade de gestão do investidor, em que ele capacita e desenvolve sua equipe, executa ações de marketing mediante estudo prévio, respeita e estimula os padrões. O fator primordial é a gestão, a viabilidade financeira será resultado dela,” afirma.
Oliveira conta que o estudo de franqueabilidade da Chiquinho Sorvetes é feito por meio de um “levantamento preliminar de cada cidade onde o candidato apresenta interesse. Por meio de uma ferramenta chamada geofusion, analisamos informações socioeconômicas, tais como potencial de consumo, faixa etária, público economicamente ativo, população, renda per capita, IDH e outros fatores que potencializam o negócio”. Ele partilha ainda que essa análise é feita de forma pontual em cada cidade que o “candidato apresenta interesse”.
Segundo o presidente da Chiquinho Sorvetes, o processo de atestar a viabilidade das franquias da maior rede de sorveterias do Brasil funciona e serve como base de assertividades da marca. “Por meio dessa validação, minimizamos as chances de insucesso da operação. Com isso, fortalecemos a marca e agregamos retorno ao investimento do franqueado. Os benefícios são vários, tais como geração de emprego, capacidade de expansão e reinvestimento do franqueado, receita para fornecedores, volume de negociação para o franqueador e um ótimo produto para o consumidor”, conclui.
ABF
www.abf.com.br
Cacau Show
lojavirtual.cacaushow.com.br
Chiquinho Sorvetes
www.chiquinho.com.br
