Fernando Erne, vasta experiência

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    Fernando Erne é engenheiro de alimentos, mas já passou por várias outras áreas dentro desse segmento. Como um multiprofissional, começou como estagiário, também em uma das marcas da BRF, e, assim, construiu sua carreira. Hoje, é Diretor de Food Service da companhia.

    Um dos fatores que influenciaram em sua carreira foi o conhecimento como profissional em outros cargos, como em Marketing de Varejo e Supply Chain. Erne é um profissional completo: conhece bem a empresa em que atua, desde 1996, e é apaixonado por alimentos. O diretor consegue ter uma visão mais ampla de outras áreas por ter passado por outros cargos, principalmente por cargos ligados ao comercial.

    Atuando agora na área de alimentação fora do lar, Erne conta um pouco de como é o dia a dia da profissão e como faz para lidar com esse público segmentado. Como conhecedor da área, ele relata toda sua experiência em quase vinte anos de BRF. De acordo com o profissional, a companhia em que atua sempre teve iniciativas dentro do food service e no varejo. Para Erne, é essencial que as empresas compreendam o food service para poder crescer.

    Em sua carreira, ele tem planos e almeja voos mais altos. Embora já possua uma vasta experiência em diversas áreas, Erne deseja continuar aprendendo para continuar crescendo. O diretor conversou com exclusividade para a Food Service News sobre sua experiência, a área em que atua e os aprendizados que teve.

    FOOD SERVICE NEWS: Como você começou sua carreira?
    FERNANDO ERNE: Sou engenheiro de alimentos, formado na Unicamp, e entrei na Sadia como estagiário na área de P&D – Engenharia. Fiz toda minha carreira na Sadia e BRF, sendo que, gradualmente, fui migrando das áreas técnicas para as áreas comerciais. Já atuei em diversas áreas da companhia, como Supply Chain, Mercado Internacional, Marketing de Varejo, Inovação e Vendas.

    FSN: Em algum momento, você já pensou em desistir?
    FE: Não. Alimentos são a minha paixão.

    FSN: Conte-me um pouco sobre outros cargos que teve antes de chegar onde chegou.
    FE: Comecei como estagiário, em 1996. Hoje, sou diretor. Decidi ser um generalista e não especialista. Mudei muito de área, fui aprendendo e crescendo. Por ironia, hoje me considero um especialista no negócio de alimentos, porém não de uma área específica. Consigo ter uma visão do negócio como um todo e atuar em praticamente qualquer elo da cadeia.

    FSN: Qual é o maior desafio em trabalhar em uma grande companhia como a BRF?
    FE: Conforme as empresas crescem, os processos internos vão se tornando mais complexos e o poder de decisão difuso. Isso, às vezes, retarda a implementação das iniciativas. O mesmo não ocorre em pequenas empresas que, normalmente, tendem a ter processos mais simples. Além disso, a grande escala, que traz muitas vantagens, se torna uma barreira para projetos embrionários.

    FSN: Ao longo desse tempo na empresa, qual é o maior aprendizado que você teve?
    FE: Como já atuei em diversas áreas, consigo me colocar no lugar das pessoas. Assim, dou risada com as famosas picuinhas entre marketing e vendas, entre produção e marketing, entre P&D e produção ou entre técnicos e comerciais. Às vezes, pessoas que só atuaram em uma área gostam de colocar rótulos e estereotipar as outras áreas. Eu aprendi a me colocar no lugar de cada um e a entender os seus motivos. Todos estão certos e, ao mesmo tempo, errados quando caem neste lugar-comum, de pré-julgar, pois, na verdade, só conhecem um lado da história. Não é por mal, só desconhecimento. Além disso, um pouco de conhecimento técnico a um comercial, ou conhecimento comercial a um técnico, não faz mal a ninguém.

    FSN: Como é atuar especificamente para o setor de food service?
    FE: Falando pelo lado da indústria, é atuar em um negócio ainda novo, embrionário. A maior parte das indústrias, pelo menos as grandes, foi criada para atuar no varejo e não no food service. Com o tempo, algumas foram se aventurando a entrar no segmento, porém sem se dispor a mudar a companhia para adaptá-la às necessidades deste mercado. Iniciaram praticamente como apêndices e apartadas do negócio de varejo. Isso traz uma série de problemas, pois não atendem às necessidades do mercado e retardam o seu desenvolvimento. Desta forma, por serem áreas pequenas dentro de grandes corporações, sofrem das consequências naturais, pois têm dificuldades de aprovar seus projetos por falta de escala. Isso, aos poucos, está mudando. Posso dizer que a Sadia e BRF foram uma das precursoras neste assunto, dando maior peso a esta área e fazendo algumas adaptações para respeitar as diferenças entre o varejo e o food. Falando pelo lado dos operadores, percebo dois grupos muitos distintos: um grupo de empresas organizadas, estruturadas e com processos bem estabelecidos e outro grupo ainda muito desestruturado, quase amador, com dificuldades de ter uma gestão do seu próprio negócio. Entre eles, um abismo. Trabalhar com o segundo grupo é muito desafiador. Embora muitas vezes apaixonados pelo seu negócio e cheio de ideias, não conseguem, de fato, implementar seus projetos porque, às vezes, nem conseguem ter a visão dos números do seu próprio negócio ou administrar seus franqueados, por exemplo.

    FSN: O tratamento para esse setor é diferenciado? Por qual motivo?
    FE: Sim, mas não deveria ser. É comum as indústrias olharem para o varejo com B2C e para o food como B2B. Está errado. Ambos são as 2 coisas. Ambos têm foco no consumidor final e nos seus clientes, sejam eles restaurantes ou supermercados. Sem eles, nada faz sentido e nada acontece. E o consumidor que vai ao supermercado é o mesmo que vai ao restaurante. São simplesmente ocasiões de consumo diferentes. Assim, por que não trabalhar food service e varejo integrados, se complementando e apoiando estratégias únicas da empresa? Por que considerar o food service dentro das indústrias como um canal de B2B? Logicamente, existem especificidades de cada canal que devem ser respeitadas, porém elas têm que andar juntas e não apartadas. São complementares.

    FSN: Quais são seus planos, em sua carreira?
    FE: Pretendo continuar na carreira de executivo, evoluindo para posições mais altas. Quem sabe um dia chego a tocar uma operação inteira no Brasil ou no exterior? Vontade de aprender e de crescer não me falta.

    FSN: Para quem deseja atuar na área comercial, qual conselho você daria?
    FE: Ande tanto pra frente quanto pra trás na sua cadeia de valor e vá buscar conhecimento. Conheça tanto suas áreas técnicas e operacionais quanto seus clientes e consumidores. Aquele vendedor típico (estereotipado) do passado, baseado apenas em boa comunicação e relacionamento, não sobrevive mais. Tem que entender do seu negócio e do negócio do seu cliente.

    FSN: O que os consumidores de Food Service podem esperar da BRF no próximo ano?
    FE: Inovação. Vamos atuar forte em inovação e vamos iniciar pelo Food Service. O food tem a capacidade de criar hábitos e tendências, então vamos usufruir disso. Olha o food e o varejo atuando conjuntamente aí!

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