Como vencer a inflação?

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    Como vencer a inflação?

    Economistas dão dicas para que as empresas do food service superem o atual momento

    Quais os impactos da inflação no mercado food service? Profissionais consultados pela Food Service News falam sobre o assunto.

    É preciso ter atenção

    Como vencer a inflação?
    “Os empresários do setor podem tomar algumas atitudes para driblar a inflação e amenizar os efeitos do aumento de preço dos alimentos. Uma delas é analisar os custos totais da empresa e verificar se outros setores podem ter redução de custos”, diz Jaíza Gomes Duarte Lopes, economista e docente do Curso Técnico em Administração do Senac EAD

    Jaíza Gomes Duarte Lopes, economista e docente do Curso Técnico em Administração do Senac EAD, fala sobre como a inflação atingiu o mercado de food service, apontando um efeito cascata de aumento dos preços nas prateleiras, redução do poder de compra dos consumidores e, consequentemente, diminuição no faturamento das empresas.

    “A inflação impactou diretamente o mercado de food service aumentando o preço dos insumos, o que por sua vez ocasionou aumento do preço dos produtos, perda de poder de consumo do cliente e diminuição dos lucros. A inflação geral, em 2020, foi 4,52%, mas a inflação dos alimentos chegou a cerca de 14%. Esse aumento atinge todo o mercado de food service, principalmente os pequenos negócios que não possuem ampla margem de lucro e negociação com os fornecedores, dessa forma acabam comprando seus insumos com preços mais altos e são obrigados a repassar esse custo aos clientes. Para dificultar ainda mais esse cenário, em 2020 tivemos uma redução da renda dos brasileiros. Com a renda mais baixa as pessoas tendem a consumir menos alimentação preparada fora de casa, por, naturalmente, ter um custo mais alto. Também, muitos brasileiros que utilizavam restaurantes no dia a dia, por causa da rotina do trabalho, foram levados a consumir mais comida preparada em casa, pois em 2020 houve um aumento da modalidade home office devido à pandemia. Isso tudo fez com que o food service fosse impactado diretamente. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), o mercado de food service no Brasil recuou 24,3% em 2020”, ressalta ela.

    Segundo Jaíza Lopes, é possível que os empresário do food service amenizem o efeito da inflação se tomarem algumas medidas, como a busca da redução de gastos operacionais e diminuição do desperdício, além de negociação com fornecedores em compras maiores.

    “Os empresários do setor podem tomar algumas atitudes para driblar a inflação e amenizar os efeitos do aumento de preço dos alimentos. Uma delas é analisar os custos totais da empresa e verificar se outros setores podem ter redução de custos. Esteja atento e evite gastos desnecessários com água e luz, por exemplo. Aumente o seu estoque de alimentos não perecíveis. Comprar em maior quantidade pode te dar margem de negociação com os fornecedores e pode te salvar da inflação de longo prazo, ou seja, se nos próximos meses tiver um novo aumento de preços você já vai ter seus estoques comprados com o preço anterior”, salienta.

    É preciso ter criatividade

    Perguntada sobre os cuidados a serem tomados pelos empresários no que tange à inflação, Jaíza Lopes destaca alguns pontos, estando entre eles a necessidade de que os gestores se atentem a toda a experiência que rodeia o momento do consumo, para assim manter os clientes próximos mesmo num momento de crise financeira.

    “É preciso pensar mais fora da caixa, buscar inovações que agreguem ao serviço. Vivemos na era da experiência do cliente, cada vez mais a experiência que o cliente vive durante a compra e o consumo dos produtos é um diferencial nas vendas. E esse é o momento de mostrar todo diferencial que você possui. A decisão de consumir alimentos de determinado restaurante, muitas vezes, não acontece com base apenas no preço da refeição, mas em toda a experiência que é proporcionada ao consumidor, tanto no restaurante quanto no delivery. Uma boa experiência de serviço de alimentação pode levar o cliente a consumir outros pratos, fidelizar esse cidadão e fazer com que ele indique o restaurante para outras pessoas. Tenha atenção na qualidade do serviço e procure ouvir seu cliente para atender suas necessidades. Outra estratégia que pode ser utilizada nesse momento é sua atuação nas redes sociais. É importante não apenas estar presente nas redes sociais, mas desenvolver conteúdos relevantes para humanizar sua marca e gerar conexão com as pessoas para aumentar o volume de vendas. Busque inovações na sua área de atuação, novidades que empolguem os clientes, por exemplo: alimentos difíceis de serem encontrados no mercado regional/nacional, alimentos com maior qualidade, com procedência garantida etc. Procure oferecer o que o seu concorrente não oferece. Também fique de olho nas tendências do mercado”, ressalta.

    Para a economista, é importante que as empresas consigam manter o valor dos produtos sob controle.

    “Algumas estratégias podem ser adotadas para diminuir o impacto da inflação e não repassar esse aumento para o cliente. Como, por exemplo, fazer pesquisa de fornecedores e produtos, os preços podem variar de fornecedor para fornecedor e de produto para produto, alguns alimentos tiveram um aumento de preço maior do que outros. Tente mudar o cardápio, tente trocar ou retirar os insumos mais caros das receitas, utilize a criatividade nesse momento. Se você possui um fornecedor há algum tempo, faça dele seu parceiro. Tente negociar preços e condições de pagamento para mitigar ao máximo o aumento dos preços. O fornecedor também possui interesse em fidelizar sua empresa como cliente”, diz.

    A importância de comunicar

    Márcio Vinícius de Oliveira, mestre em economia pela Universidade Federal de Ouro Preto, explica quais fatores levaram à inflação dos alimentos.

    Como vencer a inflação?“A inflação dos alimentos subiu a taxas superiores ao IPCA, índice de inflação oficial por diversos fatores: alta do dólar que estimulou os produtores brasileiros a exportarem grande parte da produção de alimentos pela rentabilidade ser maior do que vender ao mercado interno. Somado aos baixos níveis dos estoques públicos de alimentos levou a uma queda na oferta de alimentos disponíveis ao mercado consumidor brasileiro; a alta dos combustíveis em virtude das oscilações dos preços do petróleo no mercado internacional e do dólar, que encareceram os custos de transporte no país; o aumento consumo de alimentos pelos mais pobres em virtude do auxílio emergencial (houve um aumento de circulação de moeda no Brasil durante o auxílio, o auxílio gerou queda na taxa de pobreza e desigualdade de renda do Brasil durante o período vigente); devido às medidas de distanciamento social que levaram à redução de frequência das pessoas aos bares e restaurantes e estimulou as pessoas a cozinharem em casa. Resumindo, houve um aumento nos custos de produção do food service por uma maior demanda de insumos”, diz.

    Como as empresas do setor de food service vêm sofrendo com os efeitos da pandemia da Covid-19, Márcio Vinícius de Oliveira aconselha que seus gestores trabalhem na redução de custos e aumento na eficiência, sem se esquecer de pesquisar e negociar melhores preços e condições de pagamento com seus fornecedores.

    “Os empresários de food service têm encontrado muitas adversidades na pandemia: a dificuldade de crédito para capital de giro e queda nas vendas que chegaram a 24,3% em 2020, neste ramo. Para amenizar a inflação, os empresários têm de reduzir custos na produção e aumentar a eficiência focando na tecnologia como meio para reduzir o custo de produção, além de pesquisar e negociar com fornecedores”, afirma ele.

    Além disso, para o economista, os empresários precisam se preocupar em manter uma boa comunicação com seus clientes.

    “Uma ação mal esclarecida para os consumidores pode impactar negativamente a empresa. Os empresários precisam buscar o equilíbrio entre não operar no prejuízo e tornar seu negócio inviável ao mesmo tempo que não devem repassar integralmente os custos inflacionários que encarecem os preços e afastem os clientes”, afirma ele.

    Segundo Márcio Vinícius de Oliveira “é muito difícil não repassar algo para os consumidores uma vez que o aumento de preços foi elevado, os custos subiram muito e as vendas caíram. O que tem de ser ressaltado é como repassar esses preços num contexto adverso. Na ciência econômica existe um termo chamado custos de menu que é o custo de ajustar os preços de uma empresa e seus impactos na economia. Uma variação nos preços podem gerar oscilações no faturamento, principalmente se os consumidores não forem comunicados corretamente e em tempo hábil. O que os empresários têm de buscar é uma boa comunicação com os clientes e algum sacrifício nos lucros para segurar os clientes e estancar a queda nas vendas”.

    Jaíza Gomes Duarte Lopes
    www.ead.senac.br
    Márcio Vinícius de Oliveira
    lattes.cnpq.br/5013182195924817

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