Após a “não maionese”, o “não sorvete”

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    A “não companhia” NotCo foca a produção de itens alternativos e mais sustentáveis. A startup chilena conquistou um dos homens mais riscos do mundo, Jeff Bezos

    Após a “não maionese”, o “não sorvete”
    “Entendemos que a produção de alimentos atual é ineficiente e, segundo a FAO, não dará conta de alimentar a população mundial até 2050 da forma como é feita hoje”, ressalta Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo no Brasil

    Não usar carne, leite ou ovos, emitir menos CO2 e consumir menos água. Tais condições são praticadas por empresas alternativas que fabricam comidas e produtos para um determinado público consumidor de uma dieta que se pauta no vegetarianismo e veganismo, numa restrição alimentar que contém lactose, por exemplo, na ideologia de consumo consciente e sustentável ao meio ambiente, entre tantos outros. A NotCo é uma das empresas que atuam atualmente nesse mercado cada vez mais em ascensão no Brasil e no mundo.
    A NotCo (The Not Company) nasceu em 2015 no Chile com a missão de revolucionar a indústria alimentícia. “Entendemos que a produção de alimentos atual é ineficiente e, segundo a FAO, não dará conta de alimentar a população mundial até 2050 da forma como é feita hoje. Com tecnologia e inteligência artificial, a NotCo cria alimentos saborosos e sustentáveis com ingredientes 100% vegetais. Recriamos alimentos de origem animal feitos com carne, leite ou ovos, usando apenas plantas. E oferecemos ao consumidor um produto muito próximo do original, sem que ele tenha que abrir mão da textura, do aroma, do sabor e das funcionalidades que ama na comida”, afirma Luiz Augusto Silva, presidente da NotCo no Brasil.
    Para isso, a inovadora não companhia conta com um algoritmo próprio, desenvolvido por seus fundadores, que analisa alimentos com base animal, cruza as informações com uma base de dados de plantas e sugere receitas com diferentes combinações de vegetais, que podem simular o produto que está sendo recriado. Depois, a equipe de chefs e cientistas testa a receita em laboratório e, se necessário, sugere ajustes.
    “Alimentamos o algoritmo com os feedbacks, tanto positivos como negativos, para que ele fique cada vez mais eficiente e inteligente. Apelidamos o algoritmo de Giuseppe, é como se ele fosse o chef da companhia”.

    Após a “não maionese”, o “não sorvete”
    O Not IceCream tem proteína de ervilha em sua composição, entre outros ingredientes vegetais. Não contém glúten, transgênico ou leite

    Além de presente no Chile, a NotCo já se expandiu para a Argentina e para o Brasil, onde tem produção local. Vende atualmente três produtos nesses países: a Not Mayo, versão de maionese feita sem ovos e à base de grão de bico nos sabores original e alho; o Not IceCream, sorvete cremoso produzido sem leite e com proteína de ervilha nos sabores chocolate, baunilha e cookies & cream; e o Not Milk, leite vegetal feito com óleo de coco, repolho, abacaxi e chicória nas versões integral (exclusiva do Brasil), semi e chocolate.
    Luiz conta que o objetivo da empresa é oferecer ao consumidor produtos a base de plantas que são deliciosos e fabricados de maneira mais sustentável, já que a produção, por não usar carne, leite ou ovos, emite menos CO2 e consome menos água.
    “Aqui no Brasil, nossos produtos podem ser encontrados em redes varejistas e de food service de São Paulo e Rio de Janeiro, mas neste ano estamos expandindo a nossa distribuição para outras regiões, como Sul, Centro-Oeste e Nordeste. A empresa conta com mais de 100 funcionários globalmente.”
    O presidente também salienta que todos os públicos são atendidos pela NotCo. Os produtos não são pensados para um nicho, mas para o público em geral. Inclusive, a empresa fez uma pesquisa com os seus consumidores no Chile e constatou que 92% deles não são vegetarianos nem têm restrição alimentar.
    “Nosso diferencial é que entregamos um produto muito próximo daqueles que os consumidores amam comer e, por isso, eles não precisam abrir mão do sabor e da experiência que gostam para fazer escolhas de compra mais sustentáveis. Também somos uma companhia de alimentos plant-based que atua em diferentes categorias. Oferecemos alternativas a leite, maionese e sorvete, e em 2020 planejamos lançar nossa alternativa à carne (hambúrguer)”, pontua.
    Luiz também ressalta que, em 2018, 45% dos brasileiros declararam que adotariam hábitos de consumo mais sustentáveis, segundo uma pesquisa da Nielsen. No Chile, a NotCo já ajudou a economizar mais de 30 milhões de litros de água na indústria de alimentos e deixou de emitir mais de 30 toneladas de CO2 ao meio ambiente.
    Entre os alimentos produzidos pela marca, o não sorvete, como é nomeado, tem destaque especial no portfólio da empresa. O Not IceCream é o primeiro sorvete vegano à venda em redes de supermercados no Brasil a conseguir entregar uma textura e cremosidade tão parecidas com os sorvetes tradicionais. Ele leva proteína de ervilha, entre outros ingredientes vegetais. Não contém glúten, transgênico ou leite. “Já lançamos o sabor chocolate e baunilha e em breve também vamos lançar o cookies & cream”.
    Após a “não maionese”, o “não sorvete”A aceitação dos produtos da marca tem sido muito positiva. “O consumidor brasileiro está disposto a reduzir seu consumo de carne. Segundo uma pesquisa do Ibope, em 2018, 55% dos brasileiros declararam que consumiriam mais produtos sem ingredientes de origem animal, caso isso estivesse descrito no rótulo do produto. Em geral, os feedbacks que recebemos mencionam que o mercado de produtos sem origem animal ainda peca pela falta de produtos saborosos”, expõe o presidente.
    Os idealizadores e fundadores da NotCo são os chilenos Matias Muchnick, formado em economia e com pós-graduação pelas universidades de Berkeley e Harvard, Karim Pichara, doutor em ciências da computação, professor associado do Departamento de Ciências da Computação na PUC do Chile e pesquisador associado da Universidade de Harvard, e Pablo Zamora, doutor em biotecnologia vegetal e pesquisador associado da Universidade da Califórnia.
    A criação da NotCo, segundo Luiz, nasceu de uma inquietação do Matias sobre o fato de que a maneira como nos alimentamos hoje não é sustentável para o planeta. A ideia veio quando ele estudava na Universidade de Berkeley e teve contato com o trabalho que era feito no departamento de bioquímica. Mais tarde, quando fazia pós-graduação em Harvard, conheceu Karim Pichara, especialista em machine learning, que na época trabalhava com inteligência artificial para astrofísica. Para que pudessem analisar a estrutura molecular de inúmeras plantas, se uniram ao Pablo e os três fundaram a companhia.
    “Para 2020 vamos focar em consolidar os produtos que temos no mercado nacional e planejamos lançar o Not Burger, nossa alternativa a hambúrguer que vai surpreender a todos”, diz Luiz.

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