US$ 8 bilhões em faturamento

    Luis Ponciano, da Pentair, fala de seu trabalho na empresa, que investe em filtros e purificação de água para organizações do ramo alimentício

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    Com mais de 50 anos de estrada, a Pentair Industries Inc. vem se consolidando ao longo de sua história. Líder mundial em gerenciamento de água, fluxo, temperatura e proteção de equipamentos industriais, comerciais e residenciais, a empresa está presente nos seis continentes com mais de cem unidades e possui cerca de trinta mil colaboradores. Dividida em vários setores, essa holding americana situada em Minnessota trabalha, principalmente, com hidráulica e tratamento de água, além de oferecer produtos e soluções como filtros e purificadores, bombas d’água, válvulas, isolamento de tanques e detecção de vazamento. Profissional importante na equipe da Pentair há vários anos, o técnico de desenvolvimento da empresa, Luis Ponciano, tem um longo histórico no setor de águas e é especialista também quando o assunto é food service. Quando foi contratado para vender filtros para as empresas, Ponciano ficou um ano sem conseguir comercializar nenhum produto, mas sua força de vontade e engajamento para conhecer cada peça da indústria fizeram com que o cenário mudasse. A Pentair continuou investindo no mercado e, a partir de então, a empresa nunca virou um ano com o crescimento menor que o anterior. Hoje, a organização é referência quando o assunto é tratamento de água no food service.

    Food Service News: Como você começou nesse meio?
    Luis Ponciano: Eu não trabalhava nessa área específica de água. Eu sou um engenheiro frustrado (risos). Eu não terminei a faculdade de engenharia mecânica e entrei em ciência da computação, que não tem nada a ver com o que eu faço hoje. Mesmo assim, ao longo dos anos, fui trabalhando com processos de engenharia, processos metais mecânicos, termodinâmica e transferência de fluido. Acabei trabalhando com tudo isso mesmo sem formação. Eu me considero autodidata, leio muito, me informo bastante.

    FSN: E quando foi sua entrada na Pentair?
    LP: Trabalho nessa área de água desde 2000. Comecei como desenhista em uma empresa de filtração industrial de Guarulhos. De desenhista passei a projetista e depois coordenador de engenharia. Fiquei nesse serviço até 2004. Logo que saí, recebi um convite de uma empresa que se chamava Hidrofiltros. Eu não me convencia muito porque eu era da área técnica de projeção e desenvolvimentos de equipamentos, então não me via no setor de vendas. Mesmo assim, comecei a trabalhar com eles e fiquei até o fim de 2009 vendendo filtros de água. Foi muito bom porque desenvolvi bastante o mercado e coloquei a Hidrofiltros no cenário industrial, já que na época trabalhávamos com elementos de filtros industriais e também no tratamento de água para residências. Depois disso, eu pedi para sair para desenvolver outros planos, mas acabei voltando em 2010, quando a Hidrofiltros foi adquirida pela Pentair.

    FSN: Trabalhar com food service veio de maneira natural?
    LP: Fui intimado, na verdade (risos). Até então, eu era mais do setor industrial, mas quando conheci meu atual chefe – o empresário Gary Davis – ele me fez o convite para trabalhar na área de food service, onde estou até hoje.

    FSN: Como é o trabalho da Pentair nesse setor?
    LP: Nós basicamente tratamos de oferecer e munir lojas de café, restaurantes, hotéis e tudo o que está relacionado à alimentação fora do lar com equipamentos de qualidade em tratamento de água e pressurização. Por mais que existam normas que o shopping tem que receber água a um determinado nível e pressão, por exemplo, isso acaba não acontecendo. E é essa parametrização específica que nós buscamos fazer.

    FSN: E como você avalia a importância dos filtros de água e o seu trabalho na área comercial?
    LP: São extremamente essenciais, e nós queremos dar essa acessibilidade para as pessoas aliada à redução de custos. A água é tão vital quanto pagar o alvará de funcionamento (risos). Nosso filtro hoje é comparado ao filtro residencial, mas ele tem de 20 a 40 vezes mais efetividade. Ele é bacteriostático, então reduz as impurezas da água principalmente quando a pessoa começa a ter contato com quantidades específicas desse líquido. A água que passa pelos nossos filtros é parametrizada e palatável ao organismo. Pode reparar que antigamente as pessoas tinham preconceito com refrigerante de copo, e hoje isso mudou. Nosso objetivo é melhorar a água para que os estabelecimentos forneçam a melhor comida e bebida para seus clientes, já que para fazer qualquer alimento ou bebida você precisa dela.

    FSN: Os tipos de água são diferentes nos lugares?
    LP: São. A realidade de shopping é uma, a da rua é outra. Em uma cidade do interior, a coisa é uma e, em uma capital, é outra. Por isso que para deixar tudo igual, nós planejamos esse suporte de equipamentos para que as lojas tenham um mesmo perfil. Por exemplo, você vai tomar um café no Starbucks em São Paulo. Se você tomar esse café na China, ele terá o mesmo sabor. Isso porque a marca cuida para que os procedimentos sejam os mesmos em todos os lugares, desde a colheita, torra, moagem, serviço oferecido na loja e, claro, a qualidade da água. Se você não tem uma água de nível elevado, você não consegue um bom produto. Além de trazer qualidade em relação à saúde, é essa padronização de sabor que identifica a marca.

    FSN: Com quais empresas do food service a Pentair trabalha?
    LP: Mc Donald’s, Burger King, Ambev e Outback, por exemplo. Temos um trabalho muito forte com Pepsi e Coca-Cola. Ajudamos essas empresas a oferecer a melhor experiência para o cliente em termos de comida e bebida, coisas que estão diretamente relacionadas à qualidade da água. Quando se pensa em abrir um restaurante ou café, há uma série de coisas envoltas que precisam ser analisadas: normativas, tipo de público, padrão de qualidade que se quer oferecer, bons equipamentos, um suporte adequado para o fornecimento de água e eletricidade. Às vezes, as pessoas veem tudo pronto e não sabem o quão trabalhoso é tudo isso.

    FSN: Como o fornecimento de água está diretamente ligado à qualidade de uma empresa?
    LP: A água pode ser vilã ou mocinha nesse meio. Se você não tem um fornecimento de água de qualidade, com uma água tratada, automaticamente suas bebidas não vão ter a qualidade que você busca e nem a durabilidade de prateleira que você espera. Às vezes, os produtos vão se degenerar em função da baixa qualidade de algum ingrediente, que pode ser a água.

    FSN: E como vocês passam isso ao cliente?
    LP: Dentro do espectro food service existem algumas maneiras de chegarmos a esse empreendedor. Através das normas e regulamentações preconizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é a principal, já que tudo isso mexe com a saúde pública. Questões como o cliente rotula, armazena, processa, que tipo de água a empresa está recebendo e se o local possui filtro de água são algumas. Também conseguimos chegar ao nosso cliente através de exposições em feiras e por indicações de outros consumidores.

    FSN: O retorno tem sido positivo ao longo destes anos?
    LP: Muito. Nós temos cem por cento da Starbucks usando nossos produtos, por exemplo, e mais de 1.400 pontos de vendas atendidos pela Pepsi, que também utilizam nossos equipamentos. A empresa tem um faturamento anual de US$ 8 bilhões e nosso mercado é muito amplo. O meu trabalho é dar suporte aos clientes parceiros, instruir os técnicos, informar sobre as realidades do mercado, a natureza do produto, entre outros. Os investimentos são bem altos por conta da tecnologia. Isso faz com que nós auxiliemos nossos parceiros com visitas constantes e assistência informativa (com o 0800, onde nosso cliente liga e obtém informação sobre qualquer tipo de dúvida em relação aos nossos produtos).

    US$ 8 bilhões em faturamento
    “Se você não tem um fornecimento de água de qualidade, com uma água tratada, automaticamente suas bebidas não vão ter a qualidade que você busca”

    FSN: Você tem um dia típico?
    LP: Na verdade, não. Cada dia é um dia. Posso começar com visitas para treinamentos de equipes técnicas, onde eu procuro deixar as pessoas que estão manuseando tecnicamente os nossos equipamentos cientes de todas as interfaces que elas terão ao utilizar nossos produtos. Falo sobre normativas, questões e limitações técnicas, como se instala, acompanho algumas instalações. Em outro dia, desenvolvo estratégias com lojas, discuto as atividades de expansão, onde os clientes necessitam do nosso apoio. E também sempre sou chamado para fazer um pré-projeto onde vejo quais equipamentos o estabelecimento precisa em termos de tratamento de esgoto ou filtração e pressurização, se o maquinário será usado para gelo, café ou refrigerante, entre outras coisas. Como não é sempre a mesma coisa, meu dia a dia varia também.

    FSN: Então a água para gelo, café ou restaurante é diferente?
    LP: Com certeza. Nossa linha é traduzida e setorizada por cores. Temos marrom, azul e verde. Cada uma é para uma finalidade. A marrom, por exemplo, é para água quente. Nessa linha, eu tenho uma adição de um mineral chamado polifosfato, que evita a formação do calcário ou incrustação nas infiltrações de água quente. Usamos para máquinas de café, torres de água quente e fornos. Essa tecnologia do polifosfato é um adicional, porque antes eu já vou ter o pré-filtro, a bomba e o elemento filtrante com o carvão para tirar o cloro, que é na cor verde. Se eu analisar que esse cliente não tem uma água com fator de dureza elevado, não tem porque eu mudar o cartucho dele para algo mais elaborado; passo para um mais simples, mas não menos eficaz. Com o gelo é a mesma coisa, mas na cor azul. Fazemos testes para ver o grau de cloro, de dureza e dos panoramas. Hoje, tranquilamente, 95% do fornecimento de bombas para cervejas e dispensação de refrigerantes no Brasil são fornecidos pela Pentair.

    FSN: E como você avalia o mercado food service?
    LP: Cresce a dois dígitos todos os anos. A Pentair está há 80 anos trabalhando focada no food service. É um mercado muito próspero, e estamos tendo uma revolução dentro do setor que é a maximização dos processos, do dinheiro investido, melhorias de preços e do atendimento ao consumidor. Nestes anos todos, eu nunca vi uma reação negativa. Para se ter uma noção, o food service no Brasil é algo em torno de U$ 142 bilhões e, de seis anos para cá, a Pentair está presente no mercado de café como jamais esteve no Brasil. Antes, nós vendíamos U$ 250 mil em food service e agora já vendemos mais de U$ 1,5 milhão. O número ainda é baixo, mas significante. A Pentair tem outras áreas, mas no food service, por enquanto, eu sou o único que trabalha com isso no Brasil. Por isso, neste tempo, eu venho tentando redesenhar o cenário do setor para a Pentair, afinal, estamos onde as pessoas menos imaginam.

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