União entre gastronomia e literatura – resultados da busca

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    05Gabriel Vidolin explica seus pratos por meio de poesias e acredita que sua culinária é a expressão do que entende do mundo

    Gastronomia e literatura andam lado a lado para Gabriel Vidolin, de 30 anos, natural de São João da Boa Vista, interior de São Paulo, solteiro e sem filhos.
    O jovem cozinheiro tem o hábito de explicar seus pratos por meio de poesias e acredita que sua culinária é a expressão do que ele entende do mundo. “Eu sempre entendi a gastronomia como uma ferramenta para poder exprimir o que eu entendo do mundo, assim como a poesia. Desde pequeno, eu escrevo e sou bastante tímido. Então, juntar uma poesia a cada prato foi fundamental para que o comensal entenda, de maneira mais literal, as razoes de cada elaboração culinária”, explica o chef.

    Gabriel Vidolin partilha que as criações dos seus pratos e respectivas poesias ocorrem da maneira mais natural possível, sem pressão, o que, para ele, tem grande valor. “Eu não me pressiono a escrever a cada hora. Eu deixo as coisas fluírem para que a inspiração seja genuína”, salienta.

    O chef já tem 13 anos de carreira marcados por passagens em renomados restaurantes, como o Le Pré Catelan, no Rio de Janeiro, D.O.M., de Alex Atala, em São Paulo, El Poblet, de Quique Dacosta, em Denia, na Espanha, Mugaritz, de Andoni Luis Aduriz, em Gipuzkoa, Espanha, e no ElBulli, de Ferran Adrià, em Roses, Catalunha, também na Espanha. “Esses estágios de formação levaram quase quatro anos. É essencial estudar fora do país para quem deseja seguir na profissão”, avalia o chef.

    Gabriel Vidolin é formado em Gastronomia pelo Centro Universitário Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) – Campus Águas de São Pedro, interior de São Paulo, e foi para a Espanha com 17 anos. Lá, ele trabalhou no El Bulli em 2009 e, depois, seguiu para o Mugaritz. Mas, em 2011, resolveu voltar para sua cidade natal com a ideia de começar um projeto gastronômico que transcende a cozinha autoral.

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    Gabriel Vidolin partilha que as criações dos seus pratos e respectivas poesias ocorrem da maneira mais natural possível, sem pressão, o que, para ele, tem grande valor

    Em casa

    Em São João da Boa Vista, o chef abriu o Restaurante Leão Vermelho, que funciona na antiga casa de seus avós, no centro histórico da cidade. No estabelecimento, Gabriel Vindolin recebe, no máximo, 12 pessoas por dia, para um menu dividido em etapas que muda toda semana. “O Leão Vermelho funciona somente com reserva e hora marcada, somente com menus de 4, ou 17 etapas, preparados diariamente, de acordo com as restrições alimentares ou barreiras culturais de cada comensal”, esclarece o chef.
    Esse diferente atendimento do restaurante de Gabriel Vindolin foi intitulado por ele como “jornada sensorial gastronômica”, sendo que tudo no Leão Vermelho é feito de forma artesanal, incluindo os móveis, desenhados e construídos pelo chef, que também é marceneiro amador. Além disso, ao final de cada temporada, Gabriel Vindolin muda tudo, incluindo o cardápio, as músicas da trilha, o mobiliário e até o jardim da casa. “Eu faço uma cozinha criativa com produtos locais de São João da Boa Vista. Não tenho sócios. Eu investi sozinho na minha ideia e sigo até hoje só nessa empreitada”, diz.

    Para Gabriel Vidolin, fazer tudo sozinho não é força de expressão, uma vez que ele não conta com a ajuda nem de um maître, garçom e/ou ajudante de cozinha, por exemplo. É o próprio chef quem recebe os clientes e faz todo o atendimento, com destaque para uma explicação detalhada da filosofia do Leão Vermelho, onde, inclusive, costuma dormir.
    “Não tenho um círculo de amigos grande e estou a maior parte do tempo, ou melhor dizendo, todo o tempo no restaurante. Eu tenho um quarto lá. Então, não saio muito, somente para ir à academia. Nesse momento, estou redefinindo se sigo com o projeto do Leão Vermelho ou me aventuro em algo diferente”, revela o chef.

    Inspirações

    O contato de Gabriel Vindolin com a gastronomia começou quando ele ainda era criança. Ele garante que grande parte de suas inspirações é, principalmente, familiar. “Meu contato começou cedo, pois minha mãe tem uma sorveteria desde que sou pequeno e minhas tias e avó cozinhavam diariamente”, relembra.

    O chef também se inspira, ainda, em grandes nomes da gastronomia e seus respectivos empreendimentos. “Gosto muito do trabalho e estilo do Mugaritz, do chef Andoni Luis Aduriz”, afirma.

    Já sobre a origem das suas especialidades, Gabriel Vindolin acredita que o grande destaque da sua culinária está nas sobremesas. “Talvez, minhas receitas mais marcantes são as de sorvete”, avalia.

    Marcante

    Gabriel Vidolin, normalmente, não recomenda o consumo de vinhos e bebidas alcoólicas junto às suas criações culinárias, uma vez que costuma usar florais e tinturas vibracionais nas receitas. Além disso, muitas vezes, os pratos do chef só são servidos de acordo com a disponibilidade dos produtores locais da sua cidade natal e as fases da lua.
    Quando perguntado qual é o segredo para o alcance do sucesso no mercado de gastronomia, o chef, mais uma vez, sai do convencional ao responder “eu, pessoalmente, não sei! Se você souber, me conta!”.

    Segundo Gabriel Vindolin, “a alta gastronomia, assim como a alta costura no Brasil, passa por um processo de extinção. A mudança econômica e cultural afeta muito esse ramo. Cada vez menos, pessoas estão interessadas em qualidade e conceito”, lamenta e finaliza o chef com a seguinte dica para aqueles que ainda estão começando na área de gastronomia: “Prepare-se economicamente, caso você queira ser chef, e tenha uma ótima assessoria de imprensa e financeira. Custa muito caro se formar cozinheiro e mais ainda construir uma imagem. O marketing é fundamental hoje em dia para a divulgação do trabalho”, aconselha.

    Gabriel Vidolin
    www.facebook.com/oleaoacordou

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