A rapadura é um doce de consistência sólida, obtida pela concentração quente do caldo da cana-de-açúcar – sua principal matéria-prima. Em seguida, é moldada e seca. Esse produto tem sabor e odor agradáveis e característicos, que conquistam uma série de consumidores. Tradicionalmente consumida pelos nordestinos, em especial no sertão, ela está inserida na merenda escolar de alguns estados como Ceará, Paraíba e Pernambuco, segundo informações disponibilizadas pela Agência Embrapa de Informação Tecnológica (Ageitec). A rapadura tem o poder de substituir outros alimentos graças ao seu valor comercial e nutritivo.
Sua aplicação nos setores do varejo e do food service promove considerável rentabilidade para os empresários e investidores do ramo de alimentação, mais especificamente de doces e guloseimas. Devido à alta demanda do produto pelos consumidores, empresários do food service a utilizam como sobremesas para seus colaboradores e clientes. Em diversos restaurantes, por exemplo, é possível encontrar cubinhos do doce como cortesia, sendo que, nesses locais, especialmente, costumam ser usados para adoçar o café.
De acordo com informações da Ageitec, a rapadura é produzida em mais de 30 países, sendo que a Índia é responsável por 67% de toda a produção mundial. Na América Latina, a Colômbia é o primeiro produtor, com um milhão de toneladas anual, e também detém o maior consumo do mundo com cerca de 32kg/hab/ano. No Brasil, o consumo ainda é de 1,4kg/hab/ano, mesmo sendo o sétimo produtor mundial, com 80 mil toneladas/ano. A região Nordeste é responsável por 67% da produção de rapadura, sendo o Ceará o principal produtor, segundo o Censo Agropecuário da Indústria Canavieira. O estado de Minas Gerais responde por 27% da produção nacional de rapadura, ocupando o segundo lugar.
De acordo com uma pesquisa que foi realizada em 2004 pelo Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Brasil (Centec), a rapadura é um doce rico em calorias, chegando cada 100g a ter 132cal. É um energético e contém carboidratos, sais minerais como ferro, cálcio, fósforo, potássio, e magnésio, proteínas e vitaminas como A, B, C, D e E.
Muitos produtores, antes vinculados às pequenas propriedades familiares, na maioria das vezes, sem interesses comerciais no produto, hoje contam com técnicas de engenho para o processamento do item de forma higiênica e nutritiva para sua comercialização. Alguns deles operam num mercado de baixa concorrência, devido à pequena escala de produção, focando no perfil do consumidor regional. O domínio do conhecimento do ponto de cozimento e processamento do produto, que são essenciais na durabilidade da rapadura e na sua comercialização, faz investidores acreditarem no item.
Comercialização
A DaColônia é uma empresa familiar fundada na década de 1960. Surgiu como uma pequena produção de rapaduras tradicionais de 1kg. “Tudo começou com o Seu Israel Freitas e Dona Maximiana Melo, ambos já falecidos, juntamente com seus 10 filhos. Ao longo dos anos, novos produtos foram introduzidos à marca, como pé de moleque, paçoca rolha, amendoim doce e açúcar mascavo, ultrapassando a barreira dos 100 produtos nos anos 2000. A DaColônia conta com aproximadamente 200 colaboradores diretos”, destaca Willian Freitas, diretor da companhia. O profissional também ressalta que a rapadura é um produto típico brasileiro, mas de origem açoriana.
No começo da empresa, eram apenas feitas rapaduras puras com melado. No passar dos anos, outros ingredientes foram agregados, como o amendoim, que atualmente é a principal matéria-prima utilizada na DaColônia. “Os tamanhos dos produtos são variados. Temos embalagens de 60g, 140g, 180g, 210g e vai até 1.020kg”.
A empresa possui o selo de qualidade criado pela Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), o chamado Pró-Amendoim, que garante a qualidade, segurança e procedência de todo o amendoim utilizado na DaColônia.
As diferenças da rapadura para outros doces tradicionais são, basicamente, a presença de outros ingredientes. “A rapadura tradicional vai apenas o melado e o amendoim. Nos doces tradicionais, são acrescentados outros ingredientes, como o leite condensado, creme de leite, coco ralado, cacau e assim por diante”, explica o diretor.
O perfil dos consumidores da rapadura tradicional é bem diversificado. “Não conseguimos identificar apenas um perfil de clientes para esse produto. Percebemos que consumidores de todas as faixas etárias e de todas as classes sociais possuem esse hábito”.
Willian conta que a DaColônia cresceu produzindo e comercializando esse tipo de doce. Nos primeiros dez ou 15 anos de existência, era apenas esse produto a base do negócio e que sustentava a família de vários irmãos. Atualmente, a empresa tem mais de 150 itens em seu portfólio. Além de pessoas físicas, empresas em geral são atendidas pelos produtos DaColônia. “Procuramos atender todos os públicos, desde o consumidor final, no varejo tradicional, até atacados, distribuidores, assim como hotéis, restaurantes, padarias e academias”.
Ideia
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), no estado do Mato Grosso do Sul, incentiva a ideia de negócio de agroindustrializar açúcar e rapadura. A agroindustrialização é uma alternativa para a agricultura familiar transformar sua produção, visando, sobretudo, a agregação de valor em sua matéria-prima, diminuindo a dependência do setor essencialmente primário. O sucesso dessa alternativa depende muito do grau de comprometimento e conhecimento do produtor diante dessa nova realidade. Uma dessas alternativas para a agricultura familiar é a produção de açúcar. Ele pode ser obtido da cana-de-açúcar ou de beterraba. O açúcar pode apresentar-se em várias formas, conforme a tecnologia usada no processamento.
Curiosidades
A rapadura veio para o Brasil pouco depois de os portugueses chegarem ao país, por volta de 1532. Ela é consumida de várias maneiras; inclusive, vem sendo utilizada como ingrediente de molhos e drinks. Muitas vezes, ela também é acompanhada pelo queijo.