Qual é a senha?

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    Restaurantes e jantares secretos geram novas experiências, unem pessoas e expandem possibilidades de negócios

    É muito natural que, ao caminhar pelas ruas, as pessoas passem por diversos estabelecimentos de alimentação, dos mais diferentes tipos. Eles podem ser grandes, pequenos, com cores neutras ou chamativas. Costumam, em geral, trazer identificações que despertam a atenção e que, inclusive, atuam como uma espécie de convite para que o público possa entrar. Mas também existe outra possibilidade totalmente diferente dessa: a de passar por um restaurante e não notá-lo de maneira alguma – e isso não por distração, mas porque o próprio local faz questão de que seja assim. São os chamados restaurantes secretos, que vêm conquistando cada vez mais espaço.
    Esse tipo de estabelecimento pode até mesmo estar “disfarçado” de alguma forma. Pode, por exemplo, ser apenas uma casa, uma porta pequena em alguma rua, entre outras possibilidades, como estar localizado no fundo de uma lavanderia ou de uma loja de materiais importados. Nesses lugares, são oferecidos jantares – que também podem ter um cardápio secreto! – para um grupo de pessoas que têm conhecimento prévio sobre o local e que se propõem a manter sigilo em relação a ele. E, apesar desses lugares não serem tão conhecidos, não faltam consumidores e nem interessados em viver a experiência. Em alguns deles, para se ter uma ideia, existe até mesmo lista de espera, que pode chegar a meses.

    História
    Ainda em 1920, nos Estados Unidos, quando havia a lei seca, vários estabelecimentos clandestinos foram abertos. Alguns anos depois disso, em território europeu, houve várias reproduções bem-humoradas dessa realidade. Atualmente, nas grandes capitais desse continente, principalmente, já é possível saber da presença de vários estabelecimentos do tipo e também a respeito da forma como eles trabalham. Muitas recomendações desses locais são realizadas por meio da internet, em grupos que são restritos. No entanto, em diversos deles, não basta saber onde estão, o e-mail ou telefone para fazer uma reserva. É preciso ter a senha.
    Aliás, essa senha pode se apresentar de diferentes formas, algumas delas bastante criativas. Ela pode ser desde uma palavra engraçada até mesmo algumas informações que se deve saber a respeito dos proprietários do estabelecimento. Muitas vezes, essa senha precisa ser dita em voz baixa por interfone.Tudo é feito de maneira tão secreta que surge a curiosidade de saber o que, de fato, há de diferente nesses locais, e esse é um dos motivos de tamanha procura por eles.
    No Brasil, sobretudo na cidade de São Paulo, também há estabelecimentos do tipo e que vêm alcançando sucesso. Diversas pessoas trocam informações a respeito deles em grupos pequenos, compartilhando cardápios e dicas de como chegar até esses locais, por exemplo. Mas em grande parte das vezes, é preciso ser indicado para adentrar o lugar, por alguém que já seja um bom frequentador dele.

    Experiência
    Em Jundiaí, São Paulo, a chef Flavia Geraldini tem apostado em jantares secretos. No mês de outubro, por exemplo, ela preparou mais um para um dos seus clientes. A profissional resolveu investir no conceito no município após conhecer esse tipo de abordagem em outros países e em São Paulo. Ela tem como objetivo surpreender os convidados com um cardápio e com um lugar que eles não conhecem previamente. Para isso, Flavia investe em itens que são de produção própria e local, como frutas, legumes, verduras, ovos, entre outros. Ela também prepara a maior parte dos pratos na hora.
    Conforme a profissional afirma, o jantar secreto que ela realiza “inclui um menu gourmet de quatro pratos acompanhados de vinhos, entre outros. As pessoas que tiverem restrição alimentar devem notificar o anfitrião com duas semanas de antecedência. O local muda sempre, e o convidado é informado da localização secreta exatas 24 horas antes do evento. Os locais são escolhidos em função de algum diferencial relativo à ambientação, conforto e segurança, e os cardápios são escolhidos com algumas dicas colhidas junto ao anfitrião”, diz ela. “Em um jantar desses, você pode proporcionar encontros entre pessoas com os mesmos objetivos (profissionais, pessoais etc.), problemas, vivências, experiências. Isso enriquece e expande o seu universo com novas pessoas, novos horizontes. Não é mais seu grupo particular. As ‘amarras’ se quebram”, destaca.
    Para ela, conforme reforça, essa é uma maneira de conectar pessoas, que até então eram estranhas umas às outras, em um jantar intimista, com menu de qualidade e, ainda, com uma boa conversa. De acordo com Flavia, os resultados são sempre surpreendentes e gratificantes.

    Área
    Para que esses jantares sejam realizados, no entanto, de acordo com a profissional, é preciso vencer o desafio de convencer as pessoas a deixarem os seus “casulos” para que elas possam experimentar algo novo e diferente.
    Os indivíduos são convidados por meio do WhatsApp, aplicativo que a chef utiliza para fazer a divulgação dos jantares secretos para a sua extensa lista de contatos. “Conheço pessoas com perfis diversos e que conhecem outras pessoas. Assim, crio um mix de perfis e seleciono. Mas isso deve tomar outra forma daqui a algum tempo. A contratação de Assessoria de Imprensa já é a primeira mudança”, afirma ela, que conta que há muitos interessados nesses jantares secretos.
    Mas como as pessoas costumam reagir a tudo isso? Como diz Flavia, elas ficam curiosas com aquilo que está por vir. “Cria-se uma expectativa. Em princípio, para quem nunca participou, a expectativa está concentrada no menu, porém, querem saber quem são os demais convidados. Como ainda não têm essa informação, não sabem exatamente como será. Depois que participam, entendem o quão rico é esse universo”, afirma ela.

    Qual é a senha?
    Em Jundiaí, São Paulo, a chef Flavia Geraldini tem apostado em jantares secretos. Segundo ela, os resultados são surpreendentes e gratificantes

    A chef
    Flavia Geraldini conta com um currículo extenso no segmento gastronômico. A profissional já trabalhou em grandes casas pelo Brasil. Além disso, ela teve como mestres renomados profissionais da gastronomia nacional e internacional, acumulando bastante experiência ao longo do tempo.
    A profissional começou a sua carreira ainda no ano de 2005 com o ICIF, curso de culinária italiana que é voltado para os estrangeiros. Ainda nesse ano, ela fez um máster em enogastronomia e curso de degustação de azeites. Quando a chef terminou o curso, ela foi para Miami.
    Depois de um tempo, a profissional voltou para São Paulo. Foi nesse local que ela fez estágio no restaurante italiano do chef Mauro Maia, o Supra. Após sair do estágio, Flavia viajou para a Itália e para a França. Ela ficou por cinco meses estudando francês e também conhecendo a cultura do local. Já de volta ao Brasil, a profissional atuou no Buffet do Fasano e na Casa Europa, lugar onde trabalhou com um chef espanhol.
    No ano de 2007, Flavia trabalhou com a chef Bel Coelho, na ocasião em que foi inaugurado o Budha Bar; ela realizou eventos e, ainda, acompanhou aulas, conforme informações disponibilizadas. Já no ano seguinte, a profissional foi para o La Casserole, onde por um período de dois anos ela foi se aperfeiçoando na culinária francesa. Atualmente, Flavia também oferece para os consumidores o serviço de gastronomia personalizada em domicílio. O serviço conta não só com pratos diferenciados, mas também com a decoração da mesa, entre outros elementos que realmente fazem a diferença e que costumam encantar os consumidores.

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