Capa: O “tômpero” do segmento

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    Um dos mais premiados chefs no Brasil, Erick Jacquin ressalta a importância de sempre “ir em frente”

    O chef francês Erick Jacquin, de 54 anos de idade, já foi reconhecido pela revista Forbes como uma das 25 celebridades mais importantes de todo o Brasil. No país desde o ano de 1994, atualmente o profissional é um dos jurados do programa MasterChef, exibido pela TV Band, atração que tem feito grande sucesso e cativado milhões de telespectadores.

    O empreendedorismo é algo muito presente na vida do profissional. Com grande experiência no segmento, ele foi proprietário do superpremiado restaurante “La Brasserie”, localizado em São Paulo. Além disso, como um dos chefs franceses mais renomados em atividade no Brasil, Jacquin é, ainda, consultor responsável dos restaurantes “Le Bife” (na capital paulistana, no bairro Itaim Bibi), “La Brasserie de la mer” (em Natal, no Rio Grande do Norte) e do “Belle époque” (em Manaus, no Amazonas).
    Com tanto êxito no segmento, o profissional também tem como um de seus objetivos contribuir com a formação das novas gerações de chefs, para que eles possam apresentar um trabalho verdadeiramente caracterizado pela qualidade. Sendo assim, Jacquin realiza aulas-show e palestras por todo o país, sempre conseguindo reunir um grande número de pessoas nesses eventos.

    Capa: O “tômpero” do segmentoHistória
    Observando todo esse positivo cenário, surge a pergunta: “como toda essa carreira de tanto sucesso começou?” Quem relata é o próprio chef, em uma entrevista concedida para a revista Food Service News. O profissional destaca que a relação dele com a cozinha teve início ainda na infância, e as lembranças relacionadas às comidas que a mãe preparava permanecem de maneira muito viva em sua memória.

    “Morava numa cidade pequena de três mil habitantes, na França, chamada Dun-sur-Auron (Vale do Loire). Só comíamos produtos frescos e de alta qualidade. Minha mãe preparava todo dia alguma coisa diferente. Eu cresci na cozinha porque minha mãe cozinhava muito, eu ficava lá direto. E o que eu acho é que não se deve ter comida para criança e para adulto. A vida de todo mundo, seja adulto ou criança, acontece dentro da cozinha. Eu, por exemplo, chegava da escola e colocava a mochila e meus livros em cima da mesa para estudar enquanto minha mãe cozinhava. No inverno, tinha o cheiro da sopa. No verão, era a janela aberta, servia salada ou algo mais fresco. Era maravilhoso passar esses momentos na cozinha. Então, eu acho que o paladar das crianças somos nós, adultos, quem fazemos.

    Eles não nascem com paladar pronto. Eles formam o paladar com o que os pais oferecem de alimentos, com aquelas coisas boas que te dão para se alimentar. Não tem idade para comer bem, não tem idade para cozinhar. Todo mundo merece comer bem. Isso que é o mais importante de tudo. Para comer bem, todo mundo deve aprender a cozinhar, se esforçar um pouco e cozinhar”, afirma ele.

    No entanto, os tempos na França foram ficando para trás. Quando era ainda bem jovem, Jacquin cursou a École Hôtelière Saint Amand Monrond. Posteriormente, ele decidiu ir trabalhar na capital francesa, por meio de uma porta que se abriu para o profissional por lá. Foi no ano de 1994, como já mencionado, que o chef chegou às terras brasileiras, com toda a sua importante bagagem e significativas contribuições.
    Isso foi possível porque naquela época, o profissional recebeu um convite do restaurateur Vincenzo Ondei, ainda quando estava em Paris, para estar à frente da cozinha do Le Coq Hardy, localizado em São Paulo. Foi aí que ele deixou o cargo de chef de cuisine do Au Comte de Gascogne. Inicialmente, a ideia era ficar no Brasil por um período de apenas três anos. A mãe de Jacqquin chegou a aconselhá-lo a, caso a jornada não desse certo, que ele retornasse para o seu país de origem. Felizmente, isso não foi mesmo necessário. O profissional foi, inclusive, o primeiro cozinheiro da América Latina a receber o título de Maître Cuisinier de France, no ano de 1998, uma alta honraria da gastronomia.

    Aprendizados
    Ao longo do tempo, Jacquin teve diversos aprendizados no segmento, que ele faz questão de compartilhar. Um deles, destacado pelo profissional, é a importância de começar na área o mais cedo possível, pois isso gera uma série de ganhos. “E, para começar cedo, você precisa ser apaixonado. Precisa ter certeza do que você quer ser, seja um cozinheiro, garçom, maître de restaurante. Muitos começam nessa área e já querem ser chef do restaurante, da cozinha… ou ser um sommelier, que é uma grande referência na profissão… ser barman, que também tem muita importância, assim como o chef de compras, por exemplo etc. Quanto mais cedo você começa, mais você aprende e de maneira mais fácil. E o mais importante é ter certeza do que você quer fazer. Experimentar, abrir a porta de um lugar e fazer o teste para saber se você gosta. Depois começa e tenta trabalhar ao lado dos melhores. É o melhor aprendizado”, salienta.
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    Para se destacar no mercado, ele afirma que, às vezes, é bom procurar fazer o contrário dos outros, “mas fazer o melhor, fazer o bem. Muitas vezes, as pessoas querem fazer igual aos outros por inveja, ciúmes. Por exemplo, todo mundo quer fazer igual ao Alex Atala. Mas só tem um Atala. Ele pegou a oportunidade na hora certa. Poderia ser outra pessoa no lugar dele? Poderia, mas ele entendeu antes dos outros. Hoje não vai ter 50 mil pessoas iguais ao Atala. Muita gente quer fazer estágio de 15 dias com ele. Para quê? Para aprender mesmo você precisa de um, dois anos. Você precisa se encontrar primeiro dentro de si, e não ter medo de dizer não”, ressalta Jacquin.

    O chef também salienta que é muito importante estudar e escolher fazer uma boa faculdade para se preparar bem para o que vem após ela. “Depois, não pensar que está pronto, que já é chef. Sai da faculdade, procura um emprego e vai trabalhar ao lado dos melhores. E aí começa um outro tipo de faculdade que se chama ‘vida’. E lá é mais difícil e as provas são todos os dias, no almoço e no jantar. São provas do serviço, tem a prova do fogão, a prova dos clientes. E com o passaporte da cozinha, numa nota de 0 a 10, se ficar abaixo de oito está errado, é ruim. Não pode ficar abaixo de oito num restaurante”, frisa ele.

    Jacquin ainda aconselha que, quem quer começar na profissão, não deve olhar para trás, mas, sim, ir em frente, apresentando um comportamento destemido, sem esmorecer. “Se errar, não abaixa a cabeça. Todo mundo erra. Eu já errei, já chorei, já pensei antes de entrar num restaurante. Igual a todo mundo. Mas não pense que todo mundo, todo chef vai sair nas revistas. É uma grande parte de sorte, que passa em frente de você e você consegue pegar. Às vezes, a chance passa e a gente não consegue vê-la. Mas não pode abaixar o braço, desistir. Não pode querer ser cozinheiro para aparecer na revista, na televisão. A gente precisa ser cozinheiro para cozinhar. Depois vem o restante com a sorte, oportunidade… ou não vem! Conheço grandes cozinheiros que nunca saíram na televisão e não é por causa disso que vão deixar de ser grandes cozinheiros. Todo chef conhecido tem bons subchefs atrás. Pense nisso”, diz ele. “Para ser chef de cozinha, precisa ser corajoso e determinado. Saber que quando todo mundo estiver se divertindo, você vai trabalhar”, pondera ainda.

    Setor no Brasil
    Quando o assunto é a área de alimentação no Brasil atualmente, Jacquin ressalta que a indústria alimentícia é mesmo muito importante e ressalta a relevância do trabalho dos chefs para o segmento. “Eu sou chef de cozinha, então… eu não gosto de falar isso, mas é mais verdadeiro… nós somos o lado mais artístico. E tem tanta gente que é cozinheiro, chef de cozinha e está na indústria, nas escolas, nos hospitais etc. Então, a indústria é muito importante para facilitar, dar bom gosto na comida, equilibrar a comida para que seja saudável. O grande desafio é deixar os produtos mais saudáveis e saborosos. Há muitos anos isso tinha sido deixado de lado por causa do gosto, do sabor. Mas é muito importante deixar tudo saudável hoje em dia. A gente precisa comer bem e com saúde, seja para os bebês, os pacientes, os alunos, os adultos, os trabalhadores… porque sem trabalhador não tem futuro. Isso é obrigação da indústria alimentar”, afirma. Aliás, para Jacquin, uma boa receita “é aquela que usa produtos de qualidade e frescos. A melhor comida é a comida da dona de casa”, destaca.

    E como ele enxerga tanto a comida brasileira quanto a comida francesa? Jacquin responde: “A comida brasileira é cultural de um país. Todos os países têm sua própria cultura e a gastronomia é uma grande parte cultural de um país. O mesmo vale para a francesa. Eu trouxe o petit gâteau para o Brasil, eu que inventei o nome aqui, não tem petit gâteau na França, lá se chama moelleux. Mas não existe petit gâteau lá. Cada país tem sua cultura e a gente não pode e não deve mudar isso. O Brasil tem uma cultura gastronômica gigante, enorme. E cada região brasileira é um gerador enorme de bons pratos, gigante, cheios de surpresas e ingredientes extraordinários”.

    Trabalho na TV
    Muita gente conhece o chef Erick Jacquin dos programas MasterChef Brasil e Pesadelo na Cozinha, ambos exibidos pela TV Band. Atualmente, o MasterChef Brasil é transmitido todos os domingos. O programa é apresentado por Ana Paula Padrão e tem como jurados, além de Jacquin, os chefs Henrique Fogaça e Paola Carosella. A primeira temporada estreou no ano de 2014 e, desde então, tem alcançado um grande êxito, sendo assunto recorrente inclusive nas redes sociais. O profissional explica como é estar em frente às telas e as mudanças positivas que foram provocadas pelo programa. Além disso, ele também ressalta que vai gravar outra temporada de Pesadelo na Cozinha, atração que também já cativou e muitos os telespectadores.

    “Eu acho que eu não levei nada para a TV, a TV que me convidou. Eu fui convidado para ir para a TV. Mas eu sou natural, sou do jeito que sou na vida, dentro da cozinha, na minha casa, no restaurante… eu sou igual na TV. Depois que fui para a TV, eu me tornei mais simples, eu cresci muito. Aprendi a ver o mundo dos jovens que querem ser cozinheiros através do MasterChef. É um programa muito cultural e que mudou o Brasil, mas não no início. Dois anos depois, o MasterChef já era um programa extraordinário. É o único programa que conseguiu mudar o dia a dia dos brasileiros. Não é só um reality show ou um programa de TV que tem competição. É um programa que as crianças se sentem no jogo, a família. Os pais falam: ‘nossa, cozinhei para os meus filhos’. E os filhos falam: ‘nossa, pela primeira vez meu pai cozinha para nós’. E com isso, todo mundo começou a tentar mudar o ‘arroz e feijão’ para experimentar novos pratos. E me sinto muito orgulhoso de fazer parte dessa história. O MasterChef brasileiro acho que é completamente diferente. Reuniu a família. Na realidade, o Masterchef é um dos programas culinários mais conhecidos e respeitados porque realmente tem um formato diferenciado. Ele dá um sentido de que as pessoas podem cozinhar bem em casa. Ele deixa a vontade de aprender a cozinhar. Acho que é por isso que as pessoas gostam muito, ele mudou o modo de vida das pessoas que cozinham em casa para a família. Virou um programa mais cultural do que um talent show.

    Os outros programas não têm isso, só o MasterChef tem isso”, afirma ele.
    Mas o trabalho de Jacquin em frente às telas não está limitado somente à televisão, pelo contrário, ele faz questão de estar presente ainda em outras plataformas, alcançando também grande sucesso com isso. O chef tem um canal no YouTube, encabeçado pela Endemol Shine Brasil, e relata que nele quer mostrar todo mundo que faz parte da sua vida.

    “A gente grava sem parar, sem cortar. Se um dos bebês, Elise ou Antoine, aparecem ou choram, vai sair no vídeo. Vou mostrar minha vida na cozinha. Vai ter eu falando com a Rô [esposa], que vai chegar no meio do vídeo. Algo bem natural. No YouTube, eu vou poder ensinar o que eu sei para as pessoas aprenderem a cozinhar melhor em casa. Vou mostrar que pode ser fácil, bom e barato. Vamos nos divertir muito. Eu quero mostrar que cozinhar é um hobby, uma diversão, que deve ser um prazer antes de tudo”, salienta ele.
    E os projetos não param por aí. “No início do segundo semestre vou inaugurar o meu restaurante, que vai se chamar Président, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Faz tempo que eu não cozinhava e é meu sonho estar na cozinha de novo. Tenho o apoio do meu sócio e da esposa dele, além da minha mulher para realizar esse sonho. Além disso, eu tenho meus dois bebês para criar, e isso é prioridade maior”, pontua.

    Capa: O “tômpero” do segmentoConquistas e prêmios
    O chef Erick Jacquin é um dos mais premiados do Brasil, mas há uma condecoração que ele considera especial: Chevalier de la Légion d’Honneur (Cavaleiro da Legião de Honra, em português). O título é conferido àquelas pessoas que dão uma clara contribuição à França. Conforme avaliação do governo francês, o profissional contribui com o país perpetuando a sua gastronomia, além de representá-lo de uma maneira particular no Brasil. Além disso, na França, o chef ainda recebeu o título de Chevalier de l’Ordre du Mérite Agricole e a premiação Médaille d´Honneur des Maîtres Cuisiniers de France.
    Mas, quando perguntado sobre a sua maior conquista na área, o chef responde: “A melhor conquista são os clientes que sempre voltam. A melhor conquista é aquele cliente que você não conhece, mas ele sempre volta, paga a conta e você o ouve falar: ‘eu amei, eu adorei’. E às vezes ele fala: ‘hoje não estava tão bom’, mas ele sempre vai voltar. Essa é uma conquista. Você ter críticas positivas dos jornalistas é uma conquista boa também, mas a melhor conquista, as estrelas de um cozinheiro são os clientes que amam a gastronomia, que amam comer. Eles que fazem a gente ter criatividade e dar o nosso melhor”, pondera ele.

    Nas redes sociais
    O chef Erick Jacquin também é um grande sucesso nas redes sociais. Somente para se ter uma ideia do quanto ele é querido, até o fechamento desta edição, a conta dele no Instagram (@erickjacquin) contava com nada menos do que 1,6 milhão de pessoas. Em seu perfil, os seguidores costumam ressaltar muito o quanto admiram o profissional e também os programas que ele participa na televisão, além de darem bastante apoio ao chef.

    Em sua página no Facebook, Jacquin já tem mais de 200 mil seguidores e mais de meio milhão no Twitter. Além disso, o canal dele no Youtube já conta com quase 200 mil inscritos e isso em apenas duas semanas no ar.
    E é possível estar ainda mais perto do profissional com a ajuda da internet, inclusive “levando-o para casa”. Para os seguidores e fãs do chef, ainda, em seu site oficial (erickjacquin.com.br) é possível adquirir uma série de produtos com frases e ilustrações que remetem a Jacquin, cheios de bom humor. São disponibilizados, por exemplo, acessórios (chinelos, bonés, chapéu de chef, aventais), roupas, artigos de casa e decoração (almofadas, canecas, azulejos decorativos, toalhas de banho e rosto, pratos, bolachas de chopp, guardanapos, estatueta), presentes (capas para celulares, chaveiros, fones de ouvido, squeeze, mousepad, ursinhos de pelúcia, bottons) e os famosos “tômperos”, uma de suas marcas registradas.

    Erick Jacquin
    www.erickjacquin.com.br

     

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